“O ÚLTIMO AMOR DE MR. MORGAN” EMOCIONA COM SIMPLICIDADE.

Por mais que o acesso à tecnologia abra cada vez mais possibilidades para a criação de novos e fantásticos mundos cinematográficos, nada supera (pelo menos por enquanto) a complexidade do elemento humano. Famílias disfuncionais, a perda, a inevitabilidade da morte, relações problemáticas entre pais e filhos, amor, companheirismo, solidão… todos são temas clássicos e imortais ao se contar uma boa história repleta de humanidade. E sem medo de ser humano, “O Último Amor de Mr. Morgan” resolve abordar todos estes assuntos de uma vez.

O senhor Morgan do título (mais uma fantástica interpretação de
Michael Caine, o que não se constitui propriamente numa novidade) é um professor aposentado norte-americano que mora há muitos anos em Paris com a esposa Joan (Jane Alexander). Aliás, morava, pois logo na primeira cena do filme já ficamos sabendo da morte dela. A perda é enorme. Além de esposa, Jane era a própria base da vida de Morgan. Sua dor, porém, começa lentamente a ser amenizada através da amizade que o velho professor começa a desenvolver por Pauline (Clémence Poésy, a Fleur Delacour de “Harry Potter”), uma jovem e doce professora de danças de salão. Talvez nunca seja tarde demais para recomeçar… ou talvez seja.

A partir do livro da atriz e escritora parisiense Françoise Dorner, a alemã Sandra Nettelbeck (a mesma diretora de “Simplesmente Martha”) roteirizou e dirigiu um filme de narrativa clássica e tradicional, sem grandes surpresas, mas de grandes sensibilidade e competência. A caprichada produção é multinacional, reunindo Alemanha, Bélgica, Estados Unidos e França.