“O VERÃO DA MINHA VIDA” E “AMOR BANDIDO”, DUAS ABORDAGENS SOBRE O MESMO TEMA.

Dois filmes de temática muito parecida – cada qual com seu encanto – chegam ao mercado de forma praticamente simultânea: “O Verão da Minha Vida” e “Amor Bandido”. O primeiro já passou pelas salas de exibição e começa agora sua carreira em DVD, enquanto o segundo, que estreou em novembro, deve chegar às videolocadoras em breve. Ambos enfocam com bastante sensibilidade a difícil arte de crescer.

Em “O Verão da Minha Vida”, o adolescente Duncan (Liam James) é obrigado, totalmente a contragosto, a passar férias na praia com a mãe (Toni Colette), o namorado dela, Trent (Steve Carell), e a filha de Trent, Laura (Devon Werden). Não bastassem as companhias indesejáveis, quando os quatro chegam à casa da praia, lá encontram vizinhos ainda mais desagradáveis e inconvenientes. Só resta a Duncan tentar buscar alguma válvula de escape, o que acaba acontecendo quando ele arranja um emprego temporário num decadente parque aquático da região.

Em “Amor Bandido” (não confundir com o homônimo brasileiro de 1978), o protagonista é um pouco mais jovem: Ellis (Tye Sheridan), garoto
de 11 anos perturbado e entristecido pela iminente separação de seus pais. Durante uma aventura com seu amigo Neckbone (Jacob Lofland), Ellis conhece Mud (Matthew McConaughey), um homem cheio de segredos e histórias difíceis de acreditar. Talvez um criminoso, certamente um foragido.

E ambos os filmes constroem suas histórias baseados em princípios bastante similares. Pressionados e subjulgados dentro das próprias
famílias onde nasceram, os jovens protagonistas, em idade de desabrochar e buscar seus caminhos, acabam encontrando em ambientes externos e em pessoas estranhas o combustível necessário para quebrar as amarras desgastadas que já não se sustentam como estrutura familiar.
Ao mesmo tempo em que Duncan encontra aceitação e uma “família alternativa” no divertido parque aquático administrado Owen (Sam Rockwell, numa grande interpretação), Ellis projeta no aventureiro Mud aquilo que ele mais desejaria encontrar em seu próprio ambiente familiar: amor. Ao afirmar categoricamente que todos os seus atos são movidos pelo amor que tem à namorada (Resse Witherspoon), Mud se transforma instantaneamente em modelo de pai para o garoto, e passa a ter sua admiração incondicional. O desconhecimento é sedutor, a novidade é atraente.

Ambos os filmes também optam pela narrativa convencional, clássica, valorizando sobretudo a redenção, tema tão recorrente e decantado no cinema comercial americano. “O Verão da Minha Vida”foi escrito e dirigido por Nat Faxon e Jim Rash, a mesma dupla que escreveu “Os Descendentes”, enquanto “Amor Bandido” tem roteiro de direção de Jeff Nichols, premiado por “O Abrigo”. Os dois são bastante competentes no que se propõem.