“O VERDADEIRO AMOR” É UMA BOA SURPRESA DO CINEMA INDEPENDENTE.

Não parece, mas “O Verdadeiro Amor” é uma produção norte-americana. Belo, contido, de ritmo contemplativo e sem nenhum grande rosto estelar no elenco, o filme tem todo um estilo inglês. Talvez até nórdico. Mas é uma bela prova que – às vezes – existe sim vida inteligente no cinema dos EUA. Uma boa estréia do diretor Ali Selim que, infelizmente, nada realizou depois. E olha que “O Verdadeiro Amor” é de 2005, chegando portanto atrasado ao nosso circuito.

No fundo, trata-se de uma grande história de amor vencendo todas as barreiras. Sem os clichês que o tema poderia fazer supor. A história acontece pouco depois do final da 1a. Guerra Mundial, momento em que o tímido e calado Olaf (Tim Guinee), norueguês radicado nos Estados Unidos, “importa” uma esposa européia para ajudá-lo a vencer a solidão das grandes e vazias lavouras de milho do interior do país. A encomenda veio melhor que o esperado: a noiva é Inge (Elizabeth Reaser), mulher que com o tempo se mostrará tão forte quanto bela. Olaf só não sabia que Inge havia nascido na Alemanha, exatamente o país que os EUA tinham aprendido a odiar com todas as suas forças, durante a guerra recém-terminada. Explodem contra ela e o futuro marido toda a ira e a intolerância de uma sociedade tacanha, cujas bases principais são fundamentadas pelos mais injustificados preconceitos raciais e sociais. Como acontece até hoje, diga-se.

Após um início um pouco confuso, com flash backs em excesso, o filme se firma como uma grande saga romântica minimalista, sem os exageros épicos dos chamados temas edificantes, e com a dose certa de poesia que o tema exige.
Sincero e sensível, “O Verdadeiro Amor” acaba caindo no gosto das platéias. Tanto que venceu os prêmios de Público nos Festivais da Florida, Hamptons, Vail e Wisconsin, além de ganhar o Independent Spirit (o “Oscar” do cinema independente) de melhor filme de diretor estreante.

Quem entende, garante que o Alemão e o Norueguês falados no filme são terríveis. Como eu não entendo…