“O VERDE ESTÁ DO OUTRO LADO” DENUNCIA A PRIVATIZAÇÃO DA VIDA.

Por Celso Sabadin.

Faz tempo que se fala que vai faltar água no mundo. O que não se fala muito é que a grande seca planetária que está por vir não será provocada por desperdício, ou pelo simples esgotamento do mais precioso líquido da vida. Na verdade, não faltará água: ela será privatizada, o que equivale dizer que apenas quem puder pagar por ela – e muito – é que terá acesso à vida.

Não estamos falando de nenhum filme de ficcção científica, mas de uma realidade que já está à nossa porta, tanto pelas criminosas ações que a Nestlé vem desenvolvendo pelo interior do Brasil (pricipalmente em fontes de Minas Gerais, procure saber), como pela seca e amarga experiência dos nossos vizinhos chilenos.

O importantíssimo documentário “O Verde Está do Outro Lado”, longa de estreia de Daniel A. Rubio, joga luz sobre o problema do Chile, traçando um assustador paralelo de como ele pode afetar o Brasil. Produzido por Chile e Brasil, “O Verde Está do Outro Lado” escancara a trágica experiências chilena e suas ramificações a da perspectiva da Província de Petorca, a 200 quilômetros de Santiago, e de Correntina, no oeste baiano.

Entrevistas com moradores da região, ambientalistas e políticos guiam o longa que explora as nuances econômicas e ambientais que regem as batalhas pela propriedade da água. A produção denuncia os efeitos da desastrosa privatização da gestão da água vivida pelo Chile em 1981, e seus reflexos negativos quase quatro décadas depois. Em Petorca, grandes empresas detém o líquido e a falta de água para irrigação de plantações e para o próprio consumo humano leva pequenos agricultores e suas famílias ao sofrimento e à ruína.

O Brasil tem 12% da água doce do planeta, mas a realidade da cidade de Correntina, conhecida como a caixa d’água do Brasil, escancara um futuro pouco distante: grandes produtores de soja já foram responsáveis por extinguir 17 riachos nos últimos 15 anos.

“O Verde Está do Outro Lado” resume o efeito que as privatizações, a ganância descontrolada e a globalização exercem na falta de acesso a serviços básicos vivida por muitos habitantes.