O VIGOROSO “LAMENTO” DA DECADÊNCIA.

Por Celso Sabadin.

Elder (Marco Ricca) é a cara do Brasil atual: endividado, enraivecido, sem rumo, sem futuro. Ele é proprietário e gerente do Orleans, um hotel tão apodrecido e decadente quanto a família real que lhe inspirou o nome. A situação de Elder piora ainda mais quando um hóspede violento se tranca com uma bela mulher em um dos apartamentos, e se recusa a sair. Enquanto isso, um representante predador do deus mercado – para completar a relação metafórica do Orleans com o país – lança mão dos mais sórdidos estratagemas para fazer baixar o preço do hotel que ele quer privatiz… ou melhor, comprar.

“Lamento”, dirigido por Diego Lopes (que também roteiriza o filme) e Claudio Bitencourt, chega às telas com vigor. A dupla de diretores estreia no longa-metragem demonstrando segurança e talento de veteranos, tanto na capacidade de prender a atenção do público, como na equalização das intepretações e, principalmente, na criação dos diferentes climas que a narrativa exige (mistério, ação, drama, policial…).

Com o perdão do lugar-comum, Marco Ricca, como sempre, arrasa. Destaque também para a direção de arte, que transforma com eficiência o próprio hotel em um misterioso e cativante personagem. Dá pra sentir o cheiro do Orleans.

Completam o elenco Thaila Ayala, Veronica Rodrigues, Otavio Linhares, e Ilva Niño.

Selecionado para o Festival de Brasília, “Lamento” chega aos cinemas nesta quinta, 26/08.

 

 

26/08/2021