O Virgem de 40 Anos

Atenção. Isso não é uma crítica de cinema. É uma advertência. Se ainda lhe resta um mínimo de bom gosto e bom senso cinematográfico, não passe nem na porta do cinema que estiver exibindo O Virgem de 40 Anos. Por que? Imagine a cena: um sujeito se levanta pela manhã com uma grande ereção que o filme não tem a menor intenção de esconder. Ao sentar-se no vaso sanitário para fazer suas necessidades, a tal ereção, que teima em não ceder, mostra-se tão vigorosa que o rapaz acaba urinando na própria cara. Vc. quer pagar 15 reais para ver isso? Pois este é o humor do filme. Este é o conceito cômico que fez com que as platéias americanas deixassem – até agora – mais de 80 inexplicáveis milhões de dólares nas bilheterias dos cinemas daquele país. O mesmo país que reelegeu George Bush, ou seja, que curte piadas de mau gosto.
Basicamente, o tema até que poderia ter rendido uma boa comédia romântica. A história escrita por Steve Carrell (também ator principal do filme) e Judd Apatow (também diretor) fala de um simpático e solitário estoquista que, aos 40 anos de idade, ainda permanece sexualmente virgem. Quando seus colegas de trabalho ficam sabendo, começam a fazer de tudo para ajudá-lo, com óbvios resultados desastrosos. A obrigatoriedade do sexo, o machismo, as dificuldades do homem maduro em se defrontar com a própria sexualidade, a descartabilidade das relações, a solidão urbana… nada disso é discutido pelo roteiro. Nadinha. O filme prefere se perder em meio a situações grotescas que deixariam vermelhos até os infames irmãos Farelly.
Resta apenas desejar que Steve Carrell não siga este mesmo caminho quando for refilmar o ótimo Agente 86, projeto previsto para 2006.