O XADREZ INTELIGENTE DE “A GRANDE DAMA DO CINEMA”.

por Teo Sabadin.

No novo filme de Juan J. Campanella (vencedor do Oscar por “O Segredo dos Seus Olhos”), a aposentada atriz de sucesso Mara Orgaz (Graciela Borges) vive em uma mansão afastada do centro urbano, onde rememora seus momentos de ouro, acompanhada de seu marido e ator Pedro, o roteirista Martín e o diretor Norberto (respectivamente Luis Brandoni, Marcos Mundstock e Oscar Martinez), responsáveis pela fama da protagonista. Juntos, vivem um cotidiano nostálgico na monotonia do ambiente, porém a música cresce ao receberem uma inesperada visita, que faz daquele despreocupado terreno um aguçado tabuleiro de xadrez.

Nesse contexto, a câmera quebra o eixo horizontal, desnorteando o público, agora imerso na caótica realidade que conduz o duelo entre a ganância e a astúcia presentes na trama. Assim, Mara exerce, em um primeiro momento, o papel de peão, sendo manipulada a fim de interesses alheios, porém, nesta partida de xadrez, o peão toma consciência e a atriz passa a ter controle de suas próximas ações.

Outro aspecto que chama atenção é o desenvolvimento do roteirista Martín e do diretor Norberto, que transcendem o lúdico do cinema ao construírem o enredo junto ao Campanella. Os personagens interagirem com alguns recursos audiovisuais utilizados no filme, eventualmente comentando a trilha sonora ou os efeitos ópticos da cena.

“A Grande Dama do Cinema” entra em cartaz nessa quinta-feira (16/05) e garante ao público um entretenimento inteligente.