“OLYMPIA 2016” QUESTIONA COM VIGOR O LEGADO OLÍMPICO.

Por Celso Sabadin.

“Olympia 2016” é como se fosse dois filmes diferentes, dirigidos por dois cineastas diferentes, e editados em contraposição. Um deles é uma ficção científico-futurista ambientada na cidade que dá nome ao filme, um local fictício, pero no mucho, que mimetiza o melhor e o pior de várias localidades brasileiras. E o segundo é um documentário que investiga os processos de gentrificação e corrupção vividos pelo Rio de Janeiro, por ocasião das recentes Olimpíadas acontecidas naquela cidade. O resultado? Interessante, porém irregular, pois a porção documental do filme é bem superior à ficcional, e o desequilíbrio é bastante visível.

A faceta documental de “Olympia 2016” é amplamente contrária à realização das Olimpíadas no Rio, fixando-se nas denúncias de abuso de um poder econômico que – no caso – mais destrói que ergue coisas belas, na visão do longa. Trata-se de um filme-bandeira, o que não é problema algum, pois imparcialidade não é prerrogativa, muito menos obrigação do Cinema.

As questões ficam de fato mais complicadas na porção ficcional do filme, que em seu intuito de explicitar as diversas facetas da endêmica corrupção brasileira acaba desembocando numa trama de pouca sutileza, que resvala no histrionismo e num desnecessário didatismo caricato que acaba por enfraquecer a própria mensagem que deseja transmitir.

A direção e o roteiro de “Olympia 2016” são de Rodrigo Mac Niven,  o mesmo de “O Estopim”, sobre o caso do desaparecimento do pedreiro Amarildo, e  “Cortina de Fumaça”, sobre a política de combate às  drogas.

A estreia é nesta quinta, 15 de setembro.