“ONDE ESTÁ A FELICIDADE?” CONQUISTA O PÚBLICO COM HUMOR RASTEIRO.

Onde Está a Felicidade? aposta na atual maré de comédias escancaradas do cinema brasileiro que a critica odeia e o público, em muitos casos, gosta. A fórmula é a mesma: no início, muitos gritos e histerismo. No meio, piadas envolvendo sexo e órgãos genitais. E um pouco mais para o final, uma tentativa ingênua de deixar alguma lição de moral. Tudo com um humor rasteiro e, se possível, a chancela da Globo Filmes (neste caso, foi possível, sim).
Claro que não é tão ruim como, por exemplo, “Cilada.com”. Mesmo porque pouca coisa será tão ruim quanto o filme de Bruno Mazzeo.

Escrito por Bruna Lombardi e dirigido pelo ator, produtor e maridão Carlos Alberto Ricelli, Onde Está a Felicidade? explora a crise da meia idade vivida por Teodora (Bruna Lombardi), uma apresentadora de televisão que comanda um bizarro programa sobre receitas culinárias eróticas. À beira de um ataque de nervos, Teodora acredita que só existe um caminho para superar o inferno astral que está vivendo: trilhar o famoso Caminho de Santiago de Compostela. E parte destrambelhada para a Espanha, para o desespero do marido Nando, um comentarista de futebol.
Coproduzido com a Espanha, o filme tenta abertamente beber na fonte da fase escrachada de Pedro Almodóvar, mimetizando do diretor espanhol até a berrante e ultracolorida direção de arte e fotografia que ele usava. Tenta. O elenco não faz feio, pelo contrário, mas falta um bom texto e acima de tudo alguma sutileza para que o resultado honre, pelo menos em parte, o cineasta que o inspirou.

Porém, por mais que a maior parte da crítica não goste do filme, o que se viu na plateia do recente Festival de Paulínia, durante a exibição da obra de Ricelli, é digno de nota: os críticos olhando no relógio, torcendo para que a tortura terminasse logo, e o público gargalhando, como se dizia antigamente, “às bandeiras desfraldadas”. Onde Está a Felicidade? foi três vezes aplaudido em cena aberta durante a exibição, ovacionado no final, e ganhou o Prêmio do Público..

Quem achar que Ricelli, ao conquistar o público desta forma, está errado, que atire a primeira crítica.