“ONDE O MAR DESCANSA”, EXPERIMENTAÇÃO SEM FRONTEIRAS.

Por Celso Sabadin.

Uma produção britânica dirigida por um suíço e uma brasileira, totalmente filmada na Suécia, e falada em sueco. É deste caldeirão cultural multinacional que nasceu “Onde o Mar Descansa”, uma experimentação poético-cinematográfica premiada no Festival de Glasgow (Escócia).

Trazendo belíssimas imagens que compõem um clima intimista e reflexivo, “Onde o Mar Descansa” é direcionado para um público bastante específico. Para contar a história de um amor arrebatador bruscamente interrompido, os diretores André Semenza (o suíço) e Fernanda Lippi (a brasileira) mesclam de maneira intensa e fragmentada as linguagens do teatro, da dança e da poesia, ao mesmo tempo em que emolduram a ação com deslumbrantes paisagens europeias que remetem à força da solidão. Coreografias, ritmos, cores e sons se unem a um texto recitado em off que invariavelmente distancia o filme da estética do cinema e o transporta para o mundo da literatura e da expressão corporal.

O resultado é um trabalho multilinguagem que propicia a leitura em diversas camadas, uma obra que certamente causa estranhamento aos cinéfilos mais convencionais, na mesma proporção em que instiga paladares mais ecléticos.

No elenco, Livia Rangel, Anna Mesquita e a própria codiretora, Fernanda Lippi. A estreia brasileira aconteceu em 14 de abril.