“OPERAÇÃO SOMBRA” É TIPO UM “JACK RYAN – ORIGENS”.

Criado pelo escritor Tom Clancy, o personagem Jack Ryan já havia sido vivido antes no cinema por 3 atores em 4 filmes: Alec Baldwin (em “Caçada ao Outubro Vermelho”, Harrison Ford ( em “Jogos Patrióticos” e “Perigo Real e Imediato”) e Ben Affleck (em “A Soma de Todos os Medos”).

Agora, seguindo a onda hollywoodiana de mostrar ou recontar as origens dos personagens, temos um Jack Ryan em início de carreira em “Operação Sombra”, filme que adota como subtítulo o próprio nome do herói.
O jovem Ryan é o mesmo ator que viveu o jovem James Kirk: Chris Pine.

Tudo começa no fatídico 11 de setembro de 2001, quando Jack Ryan, ainda um mero estudante de economia, fica estarrecido com as imagens do ataque às torres gêmeas em Nova York, decidindo naquele momento que ser servir seu país. Motivado patrioticamente, ele se alista no corpo de fuzileiros navais e vai atuar no Afeganistão, onde demonstrará um intenso senso de heroísmo e dedicação que o conduzirá à carreira de agente especial da CIA, que já vimos nos demais filmes.

O extremado patriotismo norte-americano, bem como sua intensa xenofobia, aliados a uma patética e típica ingenuidade política dos sobrinhos de Tio Sam, formam a base do filme. É preciso aceitá-la para que “Operação Sombra” obtenha um mínimo de verossimilhança.
O roteiro do estreante Adam Cozad e de David Koepp (roteirista também de “Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal”) resuscita como vilões implacáveis os bons e velhos russos da Guerra Fria, bem como todos seus incontáveis clichês. Agora, porém, as armas mais destruidoras não são as nucleares, mas as econômicas, já que vivemos num mundo que trocou o medo atômico pelo pânico financeiro. “A Rússia nem é um país; é uma corporação”, diz a certa altura um analista da CIA. Mas felizmente Jack Ryan está sempre alerta.

Após um início claudicante, onde um excesso de informações econômico-financeiras mais atrapalha que ajuda a narrativa do que se espera de um filme de ação, “Operação Sombra” decola e se firma como um bom entretenimento. Principalmente depois que os caminhos da desconfiança matrimonial fazem crescer o papel de Keira Knightley, aqui como a namorada do herói, atriz mais eficiente que o próprio ator protagonista.
Em determinados momentos, o filme usa uma velha artimanha bastante conhecida do gênero: acelerar freneticamente a ação, de modo que o público não consiga pensar com cuidado no que efetivamente esteja acontecendo na trama, evitando-se assim os constrangimentos que provocam os questionamentos de um roteiro que não consegue superar o regular.

A grande surpresa de “Operação Sombra” é o seu diretor, o inglês Kenneth Brannagh, conhecido intérprete e diretor shakespeareano, que assim como já havia feito em “Thor”, abandona novamente todo e qualquer resquício do famoso bardo britânico para entregar-se às delícias inconsequentes do mais puro entretenimento comercial. Sem fazer feio. De quebra, Brannagh ainda esbanja seu sotaque russo ao interpretar o vilão da história.

É só não levar nada muito a sério que a diversão está garantida.