“OS CAVALEIROS BRANCOS” E O ETERNO E PREDADOR COLONIALISMO EUROPEU.  

Por Celso Sabadin.

Chegar, invadir, mentir, tomar, dominar. A mentalidade colonialista que há séculos extermina culturas parece não ter fim. A produção franco-belga “Os Cavaleiros Brancos” reatualiza o eterno tema, agora sob o ponto de vista do recente caso “Arco de Zoé”, acontecido em 2007.

Quanto menos se souber sobre a história do filme antes de vê-lo, melhor. Mesmo porque o ótimo roteiro escrito a seis mãos (e baseado no livro “Nicolas Sarkozy Dans l´Avion? Les Zozos de la Françafrique”) desvenda a trama aos poucos, tira o espectador de sua zona de conforto e o envolve  paulatinamente até o final que não deixa de causar indignação, por mais que provavelmente seja conhecido.

A escolha do ótimo Vincent Lindon (de “O Preço de um Homem”) para o papel principal, logo ele geralmente escalado para viver personagens repletos de dignidade, foi uma estratégia inteligente e importante para potencializar este viés.

O que se pode dizer sem estragar surpresas é que tudo começa com a chegada do grupo humanitário francês “Move for Kids” numa região inóspita e profundamente carente da África. Ali, os sempre beneméritos europeus desenvolvem um programa para tirar centenas de crianças da fome e da miséria para lhes dar um futuro digno. Ou talvez não.

Um dos maiores méritos de “Os Cavaleiros Brancos” é evitar que tudo caia na fácil armadilha da simplificação maniqueísta. Sem a preocupação de construir heróis nem vilões, o filme simplesmente mostra, sem nenhum tipo de julgamento hipócrita, a maneira como a mentalidade colonialista europeia sobre a África é um traço cultural dos mais arraigados. Que parece que jamais vai terminar.

A direção é do belga Joachim LaFosse, o mesmo de “Propriedade Privada”, premiado como o melhor diretor no Festival de San Sebastian. A estreia é em 4 de agosto