“OS DRAGÕES DA NOITE” É LIBELO PACIFISTA PÓS I GUERRA.

Nunca pensei que me emocionaria tanto vendo um filme de 1933. Mas realmente foi impossível conter o choro ao ver o belo drama de guerra “Dragões da Noite”, que está sendo agora lançado em DVD. A história é ambientada na I Guerra Mundial, mais precisamente em 1918, e mostra o conflito entre Jerry (Fredric March), um exímio piloto da Royal Air Force, e Henry (Cary Grant), um artilheiro movido muito mais pelas suas emoções que propriamente pela razão e pela frieza que um bom piloto deve demonstrar. Artilheiro era aquele sujeito que ficava na parte de trás do avião, operando a metralhadora.

Mas, ainda que bem desenvolvido e com forte carga dramática, não foi exatamente o conflito entre os protagonistas que me emocionou. O que mais me tocou neste “Os Dragões da Noite” foi o fato de, já em 1933, o cinema ter feito um filme tão pacifista, tão anti-bélico, chamando a atenção do público para a idiotice e a imbecilidade de toda e qualquer guerra… e mesmo assim o mundo ter embarcado novamente na bestialidade, apenas 6 anos mais tarde.

É tocante acompanhar o enlouquecimento de Jerry, personagem maduro e bem construído, que não consegue aceitar o fato de ser festejado e condecorado cada vez que mata seres humanos. É notável o arco dramático de Henry, a princípio um egoísta de poucos escrúpulos que no final da trama se transforma em herói anônimo.

Repare também na breve mas marcante participação de Carole Lombard, vivendo um personagem que nem nome tem.
Não contente em ter feito este belíssimo libelo antiguerra, Fredric March faria, muito tempo depois, um dos melhores filmes pacifistas já realizados: “Os Melhores Anos de Nossas Vidas”.

Dirigido por Stuart Walker (que depois faria “O Lobisomem de Londres”), o filme traz ainda ótimas cenas de batalhas aéreas.