OS ENCONTROS FUGAZES DE “SAINT AMOUR – NA ROTA DO VINHO”.

Por Celso Sabadin.

“Na vida, as pessoas não sabem para onde estão indo. Você, menos ainda”. É com estas palavras de “incentivo” que o pecuarista Jean (Gérard Depardieu) tenta a aproximação com seu imaturo e problemático filho Bruno (Benoît Poelvoorde, de “Românticos Anônimos”), com quem nunca se relacionou muito bem. Guiados por Mike (Vincent Lacoste), um chofer de táxi parisiense, pai e filho vão em busca da mútua compreensão, enquanto passeiam pela bela Rota dos Vinhos, no interior da França.

Diferente do que costuma acontecer com os road-movies convencionais, em “Saint Amour” os personagens mais interessantes não são os principais, mas sim os que têm seus caminhos cruzados por eles. Desde uma garçonete depressiva até uma peculiar dupla de gêmeas, passando por uma família que dorme na garagem para alugar seus quartos aos turistas, Jean, Bruno e Mike perpassam rapidamente por uma plêiade de bizarros coadjuvantes cujas vidas não nos serão reveladas. Caberá a cada um dos espectadores preencher esta lacuna da maneira que achar melhor. Ou simplesmente embarcar nesta proposta de extrema fugacidade que é, aliás, muito similar aos próprios encontros fragmentados da realidade.

O filme tem um pouco de humor, de romance e de drama, mas a sensação que mais prevalece é a de perplexidade. Pitadas de nonsense aliadas a pedaços de histórias que ficam pelo caminho fazem de “Saint Amour” um interessante painel deste “não-sentido” da vida.

Os roteiristas e diretores Benoît Delépine e Gustave Kervern são os mesmos de “Mamute”, também com Depardieu.

“Saint Amour” (que tem uma participação de 50 segundos de Chiara Mastroianni), estreia em 03 de agosto.