OS INOFENSIVOS CLICHÊS DE “A EXCÊNTRICA FAMÍLIA DE GASPARD”.

Não se trata de um fenômeno exclusivo do cinema francês, mas sim de todo o mundo globalizado: a cada ano que passa, as cinematografias dos mais diversos países buscam a repetição de fórmulas baseadas nas estéticas já popularmente consagradas pelo cinema dominante norte-americano. Alguns anos atrás, os filmes tinham a “cara” de seus países, ou seja, era mais ou menos factível o reconhecimento de um “filme polonês”, ou um “filme iraniano” ou um “filme francês”. Havia algo como uma gramática cultural local/regional, que diferenciava as criações cinematográficas umas das outras. Contemporaneamente, isto se perdeu, as estéticas se diluíram, e são cada vez mais raras e honrosas as exceções que caminham na contramão da globalização. Em outras palavras, todos querem fazer dinheiro.

Tal tendência pode ser verificada, por exemplo, no franco-belga “A Excêntrica Família de Gaspard”, estreando no Brasil nesta quinta, 29 de novembro. Dirigido por Antony Cordier, também coautor do roteiro, “A Excêntrica Família de Gaspard” é basicamente um refogado de alguns filmes já vistos. Só seu ponto de partida – um rapaz que pede a uma garota praticamente desconhecida que ela o acompanhe até um casamento que ele preferiria não ir – já foi utilizado num punhado de comédias românticas. O desenvolvimento deste mote também não é dos mais originais, mostrando que a família do moço é uma amalucada mistura de adoráveis maluquetes do bem, o que dá margem a uma série de situações cômicas e dramáticas sob um pano de fundo ecológico, já que – surpresa –  eles são proprietários de um zoológico particular. Dizer que os protagonistas ficam juntos no final não é spoiler: é apenas o coroamento lógico e previsível de uma formulação previamente testada e aprovada em outros filmes.

Não que “A Excêntrica Família de Gaspard” seja um filme ruim, longe disso. Afinal, quem não gosta da segurança de um bom e conhecido refogado? Ele é simpático, flui com desenvoltura, traz boas interpretações, e até aborda (tangencialmente) as mais recorrentes questões derivadas dos sempre complicados problemas familiares. Só não é criativo, só não é muito original. Relevando-se esta questão, acaba se configurando num agradável e inofensivo entretenimento.