“OS INVENTADOS” COMEÇA BEM E DESPENCA.

Por Celso Sabadin.

Assim como milhões de jovens em todo o mundo, Lucas (Juan Grandinetti, ótimo) tem um emprego dos mais aborrecidos e desinteressantes –  telemarketing, claro – mas quer mudar de vida. Em sua luta para tentar ser ator, o rapaz aceita participar de um estranho workshop que poderia lhe abrir portas para a sua pretendida nova carreira. Mas o desafio não será nada fácil.

Roteirizado e dirigido a seis mãos por Leo Basilico, Nicolás Longinotti e Pablo Rodríguez Pandolfi, “Os Inventados” começa ágil e divertido, mostrando o cotidiano do protagonista perdido entre bizarros testes de ator e seu não menos bizarro cotidiano de prestador de serviços de assessoria técnica por telefone. A montagem fragmentada e a fina ironia destilada pelas situações em que Lucas se mete nos fazem prenunciar mais um ótimo filme argentino… Só que não.

A partir do momento em que o protagonista entra no tal workshop para aspirantes a ator, “Os Inventados” despenca numa espécie de moto contínuo de tédio, resultante de um roteiro que patina indefinidamente por caminhos que talvez nem os próprios roteiristas saibam quais deveriam ser. Ou ter sido.

A ideia inicial – criar uma espécie de reality show no qual cada personagem inventa sua própria história e personalidade – até pode ser interessante, mas acaba ficando apenas nisso mesmo: na ideia inicial. O tal reality vira um “unreality” repleto de pretensões.

Ao final do filme, resta apenas a sensação de tempo perdido.

”Os Inventados” está na programação da 45ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em cartaz de 21 de outubro a 3 de novembro. Saiba mais em https://45.mostra.org