“OS IRMÃOS DE FILIPPO” ABRE A FESTA DO CINEMA ITALIANO NO BRASIL.

Por Celso Sabadin.

Um dos destaques da edição do último mês de julho da 8½ Festa do Cinema Italiano no Brasil foi o premiado longa “O Rei do Riso”, sobre o dramaturgo italiano Eduardo Scarpetta. Quem viu o filme certamente se lembrará que o protagonista tinha duas famílias – uma “oficial” e uma “paralela” – e que no final da projeção os letreiros informavam que os três irmãos da tal família “paralela” se transformariam em grandes nomes do teatro italiano de todos os tempos.

Pois bem, os três irmãos bastardos – que Scarpetta não reconhecia oficialmente como filhos – são exatamente “Os Irmãos De Filippo”, filme de abertura do Festival de Cinema Italiano no Brasil, que começa nesta quinta, 3 de novembro, para convidados, e a partir do dia seguinte em 38 cidade brasileiras, sempre com entrada gratuita.

“Os Irmãos De Filippo” seria, assim, uma continuação de “O Rei do Riso”, ainda que não haja entre ambos produtores, roteiristas, diretores ou atores em comum. À exceção da Rai Cine como coprodutora, o que não é exatamente significativo, pois a empresa é parceira de praticamente todos os grandes filmes italianos.

Lembrando também que a 8½ Festa do Cinema Italiano no Brasil e o Festival de Cinema Italiano no Brasil também são eventos diferentes.

“Os Irmãos De Filippo” começa exatamente onde “O Rei do Riso” termina. E ambos seguem a mesma linha estético-narrativa: clássica, convencional e linear. Os irmãos do título –  Eduardo (Mario Autore), Peppino (Domenico Pinelli) e Titina (Anna Ferraioli Ravel) – utilizam o sobrenome da mãe – De Filippo – pelo fato de serem renegados pelo pai, o aclamado Eduardo Scarpetta (vivido pelo grande Giancarlo Giannini).

Porém, se os três não herdam o sobrenome paterno, o mesmo não se pode dizer do talento e da paixão pelo teatro: desde pequenos, Eduardo filho, Peppino e Titina divertem-se criando e encenando pequenas peças envoltas pelas cortinas e pelos lençóis da família.

Num primeiro momento, o roteiro de Carla Cavalluzzi, Angelo Pasquini e do próprio diretor, Sergio Rubini, se centraliza nos conflitos entra a família renegada e o pai hipócrita. No desenvolvimento dos fatos, contudo, cria-se entre os irmãos uma forte discordância criativa, na qual Eduardo pende para novos caminhos da vanguarda do teatro italiano, enquanto seus irmãos permanecem fiéis às tradicionais comédias populares napolitanas.

Como não poderia deixar de ser num autêntico filme italiano, tudo se potencializa entre discussões inflamadas, sensibilidades eternamente à flor da pele e – claro – muitas refeições com as famílias em torno da mesa, amando-se e odiando-se em ritmo alucinante.

O diretor Sergio Rubini, que também é ator experiente e premiado – opta por fundamentar sua narrativa nos diálogos e nas intepretações, o que muitas vezes confere ao longa um certo caráter “netflix”. Mesmo assim, a potência da trama, uma caprichadíssima reconstituição de época, o carisma das personagens, a riqueza da direção de arte e a música sempre bem-vinda de Nicola Piovani fazem de “Os Irmãos De Filippo” uma abertura com chave de ouro para esta Festa do Cinema Italiano no Brasil.

O longa concorreu a seis prêmios Davi Di Donatello, tendo vencido na categoria de trilha musical.

O FESTIVAL DO CINEMA ITALIANO começa da 3 de novembro (apenas para convidados), e a partir do dia seguinte, até 04 dezembro, em sessões presenciais (em 38 cidades) e online, todas gratuitas.

Todas as informações estão em https://festivalcinemaitaliano.com/