Os Produtores

Estreou no último final de semana de 2005, para encerrar o ano com muito alto astral, a comédia musical Os Produtores, refilmagem de Primavera para Hitler, que Mel Brooks escreveu e dirigiu em 1968.
Na verdade, o antigo filme de Brooks ganhou fôlego novo em 2001, ao ser adaptado para a Broadway pelo próprio autor, desta vez em parceria com Thomas Meehan. Por isso, não estranhe ao ver, no novo filme, uma linguagem abertamente teatral, já que este remake é muito mais uma adaptação da peça (utilizando inclusive boa parte do elenco do palco) que propriamente da versão cinematográfica dos anos 60.
Não por acaso, trata-se da estréia cinematográfica de Susan Stroman, nome muito mais ligado à coreografia que ao cinema propriamente dito.
Sim, os atores falam alto, beiram o histriônico, os cenários e figurinos são pra lá de carregados, e a luz não é naturalista. Porém, não veja tudo isso como “defeitos”, mas sim como “homenagens”. Com todos estes atributos teatrais, Os Produtores acaba homenageando não apenas o mundo do palco (onde toda a ação acontece) como também o estilo anos 50 de se fazer comédias. Não falta sequer uma típica “back projection” (quando os protagonistas estão dentro de um táxi, a caminho do Central Park, e no vidro de trás do carro passa um filme todo granulado do que deveria ser uma tomada externa) bem mal feitinha. Propositalmente, é claro.
Para quem não viu o primeiro filme estrelado por Zero Mostel e Gene Wilder, a história fala de um produtor teatral totalmente fracassado (Ethan Lane) que arma uma falcatrua com seu contador (Matthew Broderick): levantar US$ 2 milhões para produzir o pior musical de teatro jamais realizado, transformá-lo em fracasso, tirar o espetáculo de cartaz e fugir com o dinheiro. Para o Rio de Janeiro, onde mais? Ambos acabam montando um musical em homenagem a Hitler, que contrariando todas as previsões se transforma num grande sucesso.
Os pontos fortes de Os Produtores ficam por conta do texto delicioso e do excelente “timming” cômico que domina todo o elenco. Talvez o público mais jovem não capte em toda a sua intensidade as referências tanto estéticas com de conteúdo que o filme faz do mundo do showbusiness, mas certamente os quarentões (daí pra mais) vão se esbaldar… como se dizia antigamente.
Uma dica final: veja até o final de todos os créditos.