“OSPINA CALI COLÔMBIA”, CONTRA O COLONIALISMO CULTURAL.

Por Celso Sabadin.

A nossa triste posição de colônia cultural estadunidense nos reduz a uma situação de extrema miséria intelectual, dentro da qual engolimos o que há de pior na produção cinematográfica da metrópole que nos domina, e nada sabemos sobre o que há de melhor dentro da nossa própria América Latina.

Por exemplo: levanta a mão quem conhece Luís Ospina. Quem não levantou a mão pode sanar esta grande lacuna cultural assistindo ao documentário “Ospina Cali Colômbia”, que entra na sua segunda semana em cartaz no Estação NET de Cinema, no Rio, dentro da Sessão Grandes Docs. Ingressos promocionais a R$ 5 para estudantes de ensino médio e universitários.

O documentário é o resultado do encontro, em Lisboa, do diretor português Jorge de Carvalho, com o lendário cineasta colombiano, Luis Ospina, que fala da sua vida e sua extensa obra audiovisual.

“Ospina Cali Colômbia” traça uma viagem pela conturbada história recente da Colômbia – estigmatizada pela violência, pobreza, instabilidade política, corrupção e narcotráfico. Mas também por evocações pessoais variadas. A infância de Luis Ospina e sua afinidade precoce com o cinema. A passagem do cineasta pelos Estados Unidos, numa época de agitação política no final dos anos 60 e início da década de 70.

O regresso à Colômbia e o encontro com Carlos Mayolo e Andrés Caicedo, figuras principais, com Ospina, do chamado Grupo de Cali, que ganhou o nome da cidade colombiana de onde são oriundos estes artistas. As vivências e criações deste grupo e de Ospina. A sua definitiva adesão ao documentário e à guerrilha videográfica ainda nos anos 1980, além da sua luta já neste século contra o câncer que acabou de perder alguns meses após a conclusão deste documentário.

O documentário foi filmado por Jorge de Carvalho com seus alunos do núcleo de cinema documental KINO-DOC.

 

Quem é o diretor

Jorge de Carvalho é um cineasta que se dedica ao ensino no domínio do documentário e à realização (direção). É fundador, diretor e formador do KINO-DOC, núcleo de cinema documental, sediado em Lisboa. Após a licenciatura em Letras, fez várias formações na área de cinema (curso de direção no Restart, produção em documentário na London Film School, etc). Consolidou sua formação na OPTEC, tornando-se colaborador desta. Escreve sobre sobre imagem em movimento e é curador de ciclos de cinema da Universidade de Porto.