ÓTIMAS INTERPRETAÇÕES GARANTEM A QUALIDADE DE “A BUSCA”.

É meio que inevitável. Filmes que colocam filhos/personagens em perigo costumam causar a aflição e o desespero dos pais/espectadores. “A Busca” não é diferente. Dirigido por Luciano Moura, o filme gira em torno do desaparecimento de Pedro (Brás Antunes, filho de Arnaldo Antunes), jovem de 15 anos, classe média alta, filho de um casal que está vivendo uma separação traumática.

Esta ruptura cria uma espécie de objetivo em comum para Theo (Wagner Moura) e Branca (Mariana Lima), que ao se apoiar um no outro voltam a perceber, afinal, porque um dia se casaram. E, juntos, esquecem pelo menos por um momento suas diferenças para enfrentar o medo maior da perda do filho.

Enquanto o roteiro consegue manter uma primeira camada de suspense (estaria Pedro vivo?), a narrativa flui bem e o interesse da plateia se garante. Porém, resolvido o primeiro mistério, parte-se para uma segunda tentativa de manter a empatia do público com os personagens, e a partir deste momento a força de “A Busca” se dissipa.

Contudo, esta queda dramatúrgica é compensada por duas belíssimas atuações – Wagner e Marina – que destilam altos graus de veracidade e dramaticidade, contribuindo de forma decisiva para a qualidade final de um filme que, se não chega ao brilhantismo, prima pela dignidade.

Só uma provocaçãozinha final: era mesmo necessário que o nome da personagem feminina principal fosse Branca Gadelha? Não poderia ser algo menos cacófono?