PACINO E COADJUVANTES DE LUXO DÃO SHOW EM “NÃO OLHE PARA TRÁS”.

Por Celso Sabadin.

Estava pensando aqui comigo para tentar descobrir por que Al Pacino e Marcello Mastroianni, intrinsecamente tão diferentes entre si, estão na lista dos meus atores favoritos de todos os tempos. Percebi: ambos me passam a sensação de realizarem seus trabalhos com uma imensa alegria, uma intensa felicidade de estarem atuando. Ambos têm o dom (no caso de Marcello, tinha) de transformar filmes medianos em filmes ótimos, e filmes ótimos em clássicos inesquecíveis.

É o caso da estreia “Não Olhe Para Trás”, um filme de médio para bom, mas que se transforma numa experiência muito mais enriquecedora aos nossos olhos e coração graças aos cento e poucos minutos de convivência com Al Pacino. Ele interpreta Danny Collins, cantor de sucesso que envelheceu junto com seu público, está montado no dinheiro, mas infeliz na vida pessoal. Sim, é o clichê dos clichês nos filmes deste tipo, abordando temas como reconciliação com a família, preço da fama, trabalho autoral não reconhecido, as emoções verdadeiras que o sucesso nos rouba, a busca pelo tempo perdido, etc, etc, etc…. Mas com duas diferenças. A primeira é a direção livre, leve, solta e até divertida do estreante Dan Fogelman, roteirista de desenhos animados de sucesso, como “Enrolados” e “Carros 2”. A segunda diferença, claro, é a energia e o altíssimo astral da interpretação do bom e velho Alfredo James Pacino.

O roteiro original também é de Fogelman, que salpica diálogos ágeis e saborosos numa trama que, a princípio, poderia facilmente cair no piegas. O que felizmente jamais acontece.

Outro grande mérito de “Não Olhe Para Trás” é a escolha mais do que acertada de todo o seu elenco coadjuvante, claramente feita para agradar públicos de todas as idades. Para a velha guarda, os astros Christopher Plummer e Annette Bening dão show. Os trintões vão se identificar com as excelentes interpretações de Bobby Cannavale e Jennifer Garner (que substituíram Julianne Moore e Jeremy Renner, sacados do projeto por questões financeiras). E a moçada vai curtir as participações da cantora e atriz de “Glee” Melissa Bemoist, e de Josh Peck, astro do seriado adolescente “Drake & Josh”.

Curiosamente, o ponto de partida do filme (e apenas o ponto de partida) foi inspirado na história verdadeira do cantor folk inglês Steve Tilston, que somente em 2010 acabou recebendo uma carta que ficou décadas perdida e que lhe foi escrita por ninguém menos que John Lennon.