PACINO E DE NIRO DÃO SHOW A PARTE EM “AS DUAS FACES DA LEI”.

Ingresso de cinema: 18 reais. Estacionamento: 8 reais. Ver Al Pacino e Robert de Niro juntos, o tempo todo, no mesmo filme: não tem preço. Mesmo que “As Duas Faces da Lei” não tivesse um bom roteiro, já valeria a pena ver o filme para curtir as interpretações destes dois monstros do cinema moderno (ultimamente, muito mais por Pacino que por De Niro). Mas a boa notícia é que – além de mostrar os dois astros juntos, o tempo todo (e não somente numa rápida cena, como aconteceu em “Fogo Contra Fogo), o filme tem, sim, um ótimo roteiro.
Não exatamente pela história em si, que não é uma grande novidade, mas sim pela forma como ela é contada. Logo nos primeiros instantes vemos um vídeo gravado pelo veterano policial Turk (De Niro) confessando os seus crimes. Pensamos então não se tratar de um filme estilo “whodunit”, onde o mais importante é saber quem é o culpado, já que a solução do crime é revelada já na primeira cena. Engano. “As Duas Faces da Lei” trará esta e outras surpresas que – claro – não devem ser reveladas agora. Surpresas escritas pelo roteirista Russell Gewirtz, autor também de outro policial muito elogiado: “O Plano Perfeito”.

Turk e Rooster (Pacino) trabalham na polícia de Nova York há 30 anos. Conhecem todos os meandros da bandidagem, sabem tudo sobre a criminalidade da região, e destilam entre si uma grande amizade e uma ótima química de relacionamento. Com tanto tempo na polícia, ambos estão cansados de saber que a Justiça não só tarda como falha. E se vêem no direito de – vez por outra – fazer justiça com as próprias mãos. Segundo Turk, “a maioria das pessoas respeita o distintivo; mas todas respeitam a arma”. Ele acredita também que “não há nada errado com um pequeno tiroteio, desde que as pessoas certas sejam acertadas”. A situação, porém, é de violência crescente, e tende a fugir tragicamente do controle de ambos.

Tiras corruptos, corregedoria, distintivos e armas… nada disso é novidade em filmes policiais. Mas saborear os deliciosamente cínicos diálogos entre os protagonistas é o verdadeiro atrativo de “As Duas Faces da Lei”. Pacino está excelente como sempre, e De Niro – que andava extremamente careteiro ultimamente – tem uma de suas melhores interpretações recentes.

O bom elenco coadjuvante reúne Carla Gugino (“O Gângster”), John Leguizamo (“O Amor nos Tempos do Cólera”) e Brian Dennehy (“Morte de um Caixeiro Viajante”). Todos sob a direção de Jon Avnet, cineasta que transita com desenvoltura pelo romance de “Tomates Verdes Fritos” e pelo suspense de “Justiça Vermelha”.

Talvez elaborado demais para o gosto médio norte-americano, “As Duas Faces da Lei” não foi bem nas bilheterias do país, arrecadando pouco mais da metade dos US$ 60 milhões de seu custo estimado. Azar de quem não viu.