“PAIXÕES RECORRENTES”: 1939 É AGORA.

Por Celso Sabadin.

Dois brasileiros, uma francesa, um argentino e um português se encontram numa praia. Não, não é começo de piada: é o início de “Paixões Recorrentes”, novo filme da premiada cineasta Ana Carolina, de “Mar de Rosas” e “Das Tripas Coração”, entre outros.

Após um magnífico plano-sequência inicial, tomado a parir da água, e mostrando um homem desembarcando de um navio, o espectador é, aos poucos, apresentado à situação proposta pelo roteiro da própria diretora. O lugar é o Brasil, e o tempo é a iminência da Segunda Guerra Mundial.

A bela abertura cinematográfica abre então espaço para uma linguagem bem mais teatral, através da qual cada um dos personagens citados no início deste texto – e outros que virão –  se apoiarão basicamente no verbal e no discursivo para desfilar suas variadas e conflitantes tendências políticas, ideológicas, ou simplesmente humanas.

No caldeirão dos acontecimentos, na discussão que perpassa com fluidez tanto a esquerda como a direita (com direito a variadas alianças nem sempre dignas), aquele 1939 numa isolada praia brasileira se assemelha ao nosso 2022. E a tantos momentos passados e futuros de inflamações políticas.

No elenco, Thérèse Cremieux, Luciano Cáceres, Pedro Barreiro, Silvana Ivaldi, Danilo Grangheia, Iran Gomes e Luiz Octavio Moraes.

Exibido nos festivais de Rotterdam e de Ficunam (México), “Paixões Recorrentes” foi premiado no Madrid International Film Festival na categoria de Melhor Roteiro Original em Língua Estrangeira.

O longa estreou nos cinemas brasileiros na última quinta, 18 de agosto.