“PÂNICO VI”: MAL NÃO FAZ. BEM TAMBÉM NÃO. 

Por Celso Sabadin.

Na condição de crítico de cinema, me deparo com uma certa dificuldade em comentar o sexto filme da franquia “Pânico”, que estreia nesta quinta, 09/03, no circuito brasileiro. Lembro de ter visto o primeiro episódio na cabine de imprensa, quatro anos antes de terminar o século passado (sim, as cabines de imprensa são anteriores às redes sociais), e de ter gostado. Fui acompanhando os demais muito mais por motivos profissionais que propriamente por interesse pessoal, mas sempre os achei, no mínimo, divertidos.

Enquanto via este sexto longa, fui repetidas vezes assolado pela pergunta: “Por quê?”. Qual o motivo da existência de mais uma história do Ghost Face quando – claramente – não há mais o que ser dito? A resposta me parece clara: a manutenção da franquia. Afinal, na lógica do mercado, não se aposenta time que está ganhando, e há toda uma horda de novos jovens e velhos nerds, fãs da marca, em quantidade suficiente para fazer a roda do capitalismo girar, mesmo que não exista conteúdo.

Parêntese: hoje mesmo vi no Instagram um vídeo com uma garota dizendo: “Pare de se preocupar com conteúdo criativo. Clique aqui e eu vou te ensinar o que realmente importa: ter engajamento nas redes sociais”. Não me atrevo a criticar a moça, que me parece certa: basta olhar ao redor e perceber que conteúdo criativo saiu de moda. Fecha parênteses.

Neste contexto, “Pânico VI” tem tudo o que se espera de uma franquia: muitas novidades, e nada novo. Ou seja, troca-se Woodsboro por Nova York, acrescentam-se alguns personagens (afinal, é preciso repor as mortes), mantêm-se as bases estabelecidas (sim, o público é conservador), e salpica-se tudo com várias autorreferências (a menina dos olhos da Pós-Modernidade) que os consumidores fieis vão amar decifrar. Igual encontrar ovos de páscoa no jardim, sabe?

Afinal, quando você vai tomar o mesmo cafezinho de sempre, na mesma lojinha franqueada, o que você espera? Que tudo esteja arrumadinho, te esperando, do jeito que você já conhece. E se tiver um biscoitinho diferente, melhor. Mas não muito diferente, por favor.

Em outras palavras, “Pânico VI”, surfando nas ondas do “mais do mesmo”, tem tudo para agradar quem curtiu Pânico I,II, III, IV e V. E quem não gosta, não vai começar a gostar agora.

Por isso eu disse lá no começo: como crítico de cinema, tenho alguma dificuldade em analisar este filme. Talvez a tarefa seja melhor exercida por um analista de mercado, de finanças ou de franquias, que é mais a praia do filme.

Ah, a sinopse? É a mesma de sempre: depois das últimas mortes, quatro sobreviventes deixam Woodsboro para trás e iniciam um novo capítulo com novas mortes. Melissa Barrera (Sam Carpenter), Jasmin Savoy Brown (Mindy Meeks-Martin), Mason Gooding (Chad Meeks-Martin), Jenna Ortega (Tara Carpenter), Hayden Panettiere (Kirby Reed) e Courteney Cox (Gale Weathers) retornam aos seus personagens  ao lado de Jack Champion, Henry Czerny, Liana Liberato, Dermot Mulroney, Devyn Nekoda, Tony Revolori, Josh Segarra e Samara Weaving.

Mas quem liga pra sinopse?