“PARANÓIA” É “JANELA INDISCRETA” PIORADO. MUITO PIORADO!

Alfred Hitchcock deve estar se remexendo no túmulo. Alguém pegou o conto original de Cornell Woolrich (que o diretor inglês tão brilhantemente adaptou para o cinema, no clássico “Janela Indiscreta”) e o transformou numa bobagem para o público adolescente chamada de “Paranóia”. Pelo menos não deram o crédito da trama para Woolrich, o que é um alívio pra seus descendentes.
Se no filme de Hitchcock o personagem principal era um fotógrafo imobilizado em seu apartamento por causa de uma perna engessada, agora Kale, o protagonista (vivido por Shia LaBeouf, de “Transformers”), é um adolescente problemático confinado em casa por uma tornozeleira eletrônica, fruto de seus constantes desrespeitos à Lei que lhe renderam esta prisão domiciliar. Assim, como no filme original, em “Paranóia” o nosso herói também acredita ter testemunhado um assassinato do outro lado da rua, e também envolve a namorada no esquema.
Mas as semelhanças páram por aí. Dirigido com mão pesadíssima por D.J. Caruso (o mesmo do fraco “Roubando Vidas”), o filme não apenas demora a engrenar (o que pode ser um forte causador de sono, principalmente para o público ao qual ele se destina), como também tem uma resolução das mais fracas, descartando toda e qualquer hipótese de sutileza, elegância e/ou inteligência de roteiro, para terminar tudo em pancadaria fácil. Acaba não funcionando nem como suspense, nem como entretenimento adolescente.
E provando mais uma vez que qualidade e bilheteria são conceitos que não podem jamais ser confundidos, “Paranóia” é um grande sucesso nos EUA, onde já faturou mais de US$ 80 milhões nos cinemas, o quádruplo do seu custo.