“PARTÍCULAS ELEMENTARES”: MEIO IRMÃOS NUM FILME MEIO BOM, MEIO RUIM

São dois meio-irmãos, cada um com seu problema sexual. Bruno (Moritz Bleibtreu, melhor ator no Festival de Berlim por este filme) é um professor em crise no casamento porque perdeu o encanto físico pela esposa. Michael (Christian Ulmen) é um brilhante porém tímido cientista, ainda virgem. Filhos de pais diferentes, ambos são produtos de uma mãe que – nos anos 70 – acreditava no amor livre e no movimento hippie. E que continuou acreditando até a sua morte.

Bruno tenta compensar sua frustração sexual de diferentes formas, seja assediando uma jovem aluna, seja acampando numa colônia nudista. Enquanto Michael procura sua redenção se reencontrando com Annabelle (Franka Potente, de “Corra, Lola, Corra”), a antiga namoradinha de infância.

Estes dois meio irmãos, cada um à sua maneira, vivem meias vidas. Existências incompletas, longe de qualquer plenitude, e buscam caminhos opostos na tentativa de acertar as contas com um passado turbulento. Acabam encontrando meias verdades e meias soluções.

Talvez por isso o diretor e roteirista Oskar Roehler, a partir do livro do escritor francês Michel Houellebecq, tenha realizado um meio filme. Um trabalho que abre várias frentes e acaba não se aprofundando em nenhuma delas, bem ao estilo dos imprecisos meio irmãos. “Partículas Elementares” deixa no ar a sensação de que faltou algo ao filme. E algo importante. Profundidade, provavelmente.