Penetras Bons de Bico

Será que o público jovem sabe o significado da velha expressão “bom de bico”? E será que o público em geral vai ter vontade de ver um filme com um nome tão bobinho como “Penetras Bons de Bico”? Bom, fora o eterno desejo das distribuidoras brasileiras de inventar títulos “criativos” e “vendedores”, Penetras Bons de Bico é um filme melhor que seu título brasileiro sugere. No original, Wedding Crashers fala de dois amigos trintões que se divertem entrando de penetras em festas de casamento, comendo e bebendo de graça, e ainda inventando histórias mirabolantes para conquistar as mulheres. Até o dia em que um deles se apaixona, colocando em risco a eterna fidelidade da dupla.
Trata-se de um filme, acima de tudo, irregular, que alterna bons e maus momentos. Os bons ficam por conta da ótima química entre os atores principais, Owen Wilson (A Vida Marinha com Steve Zissou, Starsky & Hutch), Vince Vaughn (de Zoolander e da refilmagem de Psicose) e a bela revelação canadense Rachel McAdams (de Vôo Noturno). As cenas das festas fluem bem, com bastante humor e ritmo envolvente. Os maus momentos ficam por conta, primeiro, da irregularidade da direção de David Dobkin, que deixa o pique do filme cair várias vezes e permite as chamadas “barrigas” (momentos mortos que não contribuem para o desenvolvimento da trama). E, segundo, das cenas de gosto duvidoso e sutileza grau zero.
Porém, há um bem-vindo atrativo “politicamente incorreto” que permeia todo o filme. “Penetras Bons de Bico” não faz muitas concessões para conseguir uma classificação etária mais suave, sabe como chutar o pau da barraca quando necessário (e também quando não necessário) e propõe uma comédia para trintões e quarentões, não exatamente para adolescentes. Financeiramente, a fórmula funcionou: nos EUA, onde o filme foi classificado como “R” (menores de 17 anos precisam da companhia dos pais), as bilheterias já contabilizam polpudos US$ 177 milhões, mais do que o quádruplo de seu custo. Bom, mas lá o filme não se chama “Penetras Bom de Bico”, o que é uma vantagem. Falando nisso, por que não “Arrombando a Festa”, ou simplesmente “Invasores de Casamento”?