POLÊMICO “SOU FRANCÊS E PRETO” ABRE FESTIVAL VARILUX.

Por Celso Sabadin.

Prossegue hoje, 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, a edição 2020 do Festival Varilux do Cinema Francês, evento já tradicional do calendário cinematográfico que festeja e divulga a produção audiovisual do país dos inventores do cinema.

Aproveitando a data comemorativa, o festival promove a partir das 18 horas a exibição online do filme “Sou Francês e Preto”, de Jean-Pascal Zadi e John Wax, seguida de debate virtual com o cineasta e crítico de cinema Clementino Jr., o cineasta Joel Zito Araújo; a pesquisadora e coordenadora do FICNE (Fórum Itinerante de Cinema Negro) Janaína Oliveira e o ator, diretor e roteirista Alberto Pereira Jr. Tudo gratuito.

A escolha do filme a ser exibido promete ser polêmica. No longa, o diretor Jean-Pascal Zadi interpreta a si mesmo, colocando-se como um ator malsucedido que já tentou tudo na vida e decide organizar um grande protesto contra o racismo, em Paris. Mais como uma oportunidade de autopromoção, que propriamente pela causa. Para isso, ele busca apoio em diversas personalidades da comunidade negra parisiense, mas só consegue arranjar desafetos.

A questão é que – na suposta tentativa de fazer humor – Zadi desqualifica as mais diversas lutas raciais. Ele logo se une ao roteirista Fary Lopes (também interpretado por si próprio) que, no filme, mostra-se simpático ao protesto também apenas como oportunismo. E assim sucessivamente, o roteiro tenta criar situações supostamente cômicas em cima de cada novo apoiador que Zadi procura, mas tais tentativas de comicidade acabam por ridicularizar as várias facetas de lutas sociais (incluindo, de quebra, árabes e judeus), enfraquecendo as militâncias e, consequentemente, diluindo o que poderia se constituir em algum tipo de posicionamento.

Talvez – e apenas talvez – Zadi estivesse buscando a acidez do humor de um Borat, por exemplo. Se foi este o caso, não conseguiu.

Jean-Pascal Zadi começou sua carreira pelo rap, como integrante do grupo La Cellule, mas já se coloca também atrás da câmera, dirigindo clipes e documentários. O primeiro deles, “Des Halls aux bacs” (2004) acompanha o percurso dos rappers independentes, mais tarde conhecidos como Sefyu e Youssoupha. No mesmo ano, se associa a seu amigo de infância Geoffroy Dongala, para fundar a empresa Gombo Productions. Graças a ela, Zadi lança em 2008 seu primeiro longa de ficção, “Cramé”, com um orçamento de apenas 5 mil euros. Dois anos mais tarde é a vez de “African Gangster”, estrelado pelo rapper Alpha 5.20, que vende 10 mil exemplares em formato de vídeo. Em 2011, segue sua trajetória de diretor com “Sans pudeur ni morale”. Depois do documentário “African Dream”, a respeito do Magic System, chama atenção para o seu trabalho graças ao Canal +, no qual aparece no segmento Le Before du Grand Journal.

 

Anote:

Data: 20/11/2020, sexta-feira – Sessão online: “Sou Francês e Preto”.

Horário: 18h

Vagas LIMITADAS – Após a inscrição, o participante receberá por e-mail (no dia da exibição) um link com a senha para assistir ao filme.

Link para inscrição:

https://www.eventbrite.com.br/e/sessao-sou-frances-e-preto-festival-varilux-de-cinema-frances-2020-tickets-129484133529

Debate: 19h30 – será transmitido pelo Facebook e YouTube do Varilux: https://www.youtube.com/user/variluxcinefrances