“POROPOPÓ”: FAMÍLIA (LITERALMENTE) MUDA TUDO.

Por Celso Sabadin.

Para quem – como eu – vive implicando com a muleta do excesso de narrações em off que tem inundando o cinema mundial (principalmente o brasileiro), ver “Poropopó” é um bálsamo reconfortante. Motivo: o filme dispensa a verbalização para contar a sua história. E o faz com muito talento. Tudo bem, tem uma narraçãozinha em off logo no início (chego a pensar que a Ancine não libera filme brasileiro se não tiver narração em off no projeto), mas é rapidinha e passa logo.

“Poropopó” é sobre os Dandelions, uma simpática família de palhaços que, seduzida por um anúncio de televisão, deixa a vida nômade do circo para comprar uma casa e se estabelecer na cidade. Este pequeno e animado núcleo familiar se vê então obrigado a uma série de adaptações à nova vida urbana, incluindo a busca por um emprego formal, a presença de estranhos vizinhos, e o confronto com um poder policial avesso às artes. Tudo sem perder a ternura, jamais.

A solução para tais conflitos é Poropopó, um canto entoado com a força da resistência e o encanto da criatividade.

Misturando com habilidade as linguagens circense e audiovisual, “Poropopó” chama a atenção pela hábil utilização da direção de arte e figurinos como ferramentas de grande poder narrativo, da mesma forma que explora expressões corporais que chegam a lembrar antigos talentos do cinema mudo. Ou Jacques Tati.

Cores, gestos e formas explodem em profusão, criando um lírico e quase onírico universo paralelo no qual a criatividade artística se configura na maior e mais eficiente arma de paz contra a opressão da mesmice.

Direcionado basicamente para as plateias infanto-juvenis – e sem nunca menosprezar a inteligência de todo e qualquer público, “Poropopó” é uma criação de Denise Bernardes, que divide o roteiro com Rodrigo Parra. A direção é de Luis Igreja. O filme foi rodado na cidade de Nova Friburgo, sendo grande parte do elenco de apoio oriundo de grupos teatrais locais.

“Poropopó” é dedicado a Roberto Farias, um dos maiores incentivadores do projeto. Denise Bernardes apresentou a ideia do filme ao cineasta que, animado com conceito, sugeriu à criadora: “Chame seus amigos mais talentosos e faça esse filme”. Denise e Rodrigo então convidaram para a direção do filme o amigo e parceiro Luis Antônio Igreja, especialista nas técnicas de representação da linguagem gestual, e diretor de programas infantis e da Companhia do Gesto, de onde também veio boa parte do elenco.

O resultado estreou nos cinemas em 09/02.
Saiba quem são os talentos de “Poropopó”:

 Denise Bernardes – Autoria, produção e direção de arte e roteirista

Denise Bernardes estudou Artes Cênicas e possui pós-graduação em Roteiro para Cinema e em Produção Executiva para Televisão e Cinema. Por 17 anos, trabalhou para a TV Globo, assinando como figurinista vários programas de sucesso. Como diretora de arte trabalhou em programas infantis na Globosat, web series, videoclipes, DVDs e em espetáculos de circo contemporâneo. A fusão de experiências permitiu a ela o desenvolvimento de um processo criativo imagético para sua escrita..

Rodrigo Parra – Produção e roteirista

Rodrigo Parra possui MBA em Inovação e é pós-graduado em Roteiro, com experiência como diretor, assistente de direção, roteirista e produtor. Como diretor, foi premiado no Festival Mix Brasil 2011 com o curta-metragem “Corra urso, corra”, e foi selecionado para festivais de cinema nacionais com o curta “Burguesia”. É autor do inédito “Estocolmo”. Atualmente está desenvolvendo os roteiros de longa-metragem “Canto da sereia” e “Esmalte vermelho”, este último em parceria com o cineasta Rodrigo Bittencourt. Como produtor trabalhou também no curta-metragem “Simpatia é quase amor” (documentário).

Luís Antônio Igreja – direção

Luís Antônio Igreja é licenciado em Cinema e com formação em dança e teatro. É especialista nas técnicas de representação da linguagem gestual, tendo viajado pelo mundo, atuando como palhaço, com o intuito de aprimorar os seus conhecimentos neste campo artístico. Integrou e dirigiu, por mais de 10 anos, o Grupo de teatro “Companhia do Gesto”.  Na televisão, dirigiu, entre outros, o programa infantil “Tem Criança na Cozinha, vencedor Prêmio do Júri Infantil Ibero América no 7º Festival ComKids – Prix Jeunesse Iberoamericano 2015.  Em função de sua experiência com a linguagem gestual, foi convidado por Denise Bernardes e Rodrigo Parra para dirigir o filme Poropopó.

André Abujamra com “Mulher Barbada Dandelion”

André é um compositor, músico, cantor, ator e comediante brasileiro. Como ator, é creditado em diversos longas- metragens, como “Castelo Ra-tim-bum” (Cao Hamburguer), “Até que a Sbórnia nos Separe” (Otto Guerra e Ennio Torresan), “Durval Discos” e “É proibido fumar ”(ambos de Anna Muylaert). André também é creditado em programas de televisão e novelas, por exemplo “Manual para se Defensor de Alienígenas, Ninjas e Zumbis”, “Agora É Tarde”, “Saramandaia”, “Beleza Pura” e “A Grande Família”. Seu trabalho como compositor inclui “Domésticas” (Fernando Meirelles), “Bicho de Sete de Cabeças” (Laís Bodanzky) e “Carandiru” (Hector Babenco). É também conhecido pelo seu trabalho como músico, quer como artista solo, quer como integrante das bandas “Karnak”, “Os Mulheres Negras” e “Gork”.

Amir Haddad as “Zé Dandelion”

Amir é referência no teatro brasileiro, tanto na atuação quanto na direção. Vencedor do Prêmio Shell de Teatro, Amir interpretou peças consagradas como “O Mercador de Veneza” (William Shakespeare), “L’avare (Molier) e“ A Construção ”(Altimar Pimentel). É creditado como ator em longas-metragens como “O Veneno da Madrugada” (Ruy Guerra), “O Homem do Ano” (José Henrique Fonseca) e “Separações” (Domingos de Oliveira), e em documentários : como “O Veneno Está na Mesa” e “Utopia e Barbárie” (ambas de Silvio Tendler). Desde 1990, dedica parte de sua carreira ao teatro de rua, apresentando-se em todo o país com sua trupe “Tá na Rua”.

Letícia Pedro como “Julieta Dandelion”

Letícia é uma jovem atriz brasileira, com experiência em televisão, teatro e cinema. Sua personagem “Mila” na série infantil “D.P.A. – Detetives do prédio azul ”a lançou ao estrelato, tornando-a um dos rostos mais conhecidos entre o público infanto-juvenil. Por 7 temporadas, “D.P.A.” foi uma das principais atrações do Canal Gloob. Leticia Pedro será “Olívia” na novela  da Globo das 18:00 “Além da Ilusão”.

Luigi Montez com “Romeu da Silva”

Luigi é um jovem ator brasileiro, com experiência em televisão, teatro e cinema. Seu primeiro personagem de destaque foi “Luigi” em “Tem Criança na Cozinha / Adivinha quem está cozinhando”. Ele também é creditado em longas-metragens brasileiros de grande bilheteria, como “Giovanni Improtta”, “Chico Xavier”, “A Mulher Invisível”, e em programas de TV, novelas e peças / musicais, como “Sangue Bom”, “Turma do Didi”, “Os Caras de Pau”, “Cinderela de Gato e Sapato” e “Lazy Town”.

André Garcia Alvez como “Migué Dandelion”

André é ator, palhaço, diretor e produtor brasileiro. Ele é membro de “Será o Benedito?” trupe de teatro de rua, um spin-off de “Tá na Rua” de Amir Haddad. André pesquisa a linguagem do teatro de rua e se apresenta como palhaço desde 1992. “Poropopó” é seu primeiro crédito em um longa-metragem.