PORTUGUÊS “JOHN FROM” RETRATA SONHOS E TÉDIOS ADOLESCENTES.

Por Celso Sabadin.

Muitas vezes, filmes sobre o inevitável tédio que assola o mundo adolescente costumam ser igualmente tediosos. E lá vamos nós, os críticos, justificar que o diretor usa o tédio para entediar a plateia de modo que ela sinta o quanto pode ser tedioso o tédio do protagonista, etc, etc, etc. A produção franco-lusitana “John From”, num primeiro momento, parece que vai caminhar por esta longa estrada. Mas aos poucos surpreende. Positivamente.

Tudo gira em torno de Rita (a estreante em cinema Júlia Palha, eficiente), a tal adolescente protagonista vitimada pela chamada falta do que fazer. Entre conversas com a melhor amiga, passeios até o pequeno centro cultural perto de sua casa e banhos de sol, ela um dia se encanta por um vizinho mais velho. Sua vida ganha cor, sonhos e devaneios. Assim como o filme.

A direção do lisboeta João Nicolau (o mesmo de “A Espada e a Rosa”) segue a linha introspectiva/melancólica típica do cinema português. Mas abre espaço para bem-vindos rampantes poéticos que chegam até a tangenciar um tipo de humor muito particular.

Premiado como melhor roteiro original no Festival de Coimbra, “John From” estreia nesta quinta, 5 de janeiro, em Brasília, e deve chegar em outras praças no decorrer do ano.