PRÉ-ESTREIAS DE “DECISÃO DE PARTIR” COMEÇAM AMANHÃ.

Por Celso Sabadin.

Aclamado pelos seus filmes “Oldboy”, “Lady Vingança” e “A Criada”, entre outros, o diretor Park Chan-wook (ou Chan-wook Park, dependendo da notação adotada) conquista novamente a mídia e os festivais com seu novo longa, “Decisão de Partir”.

Misturando drama, policial e romance, o longa levou o prêmio de Melhor Direção em Cannes, e está indicado como Melhor Filme Internacional no Globo de Ouro. Consequentemente, está cotado para o Oscar, na mesma categoria.

O roteiro – assinado pelo próprio diretor, em parceria com Chung Seo-kyung, sua habitual colaboradora desde 2015 – é claramente inspirado nos filmes policiais noir dos anos 1940. Ao investigar o caso de um homem que morre ao cair de uma montanha, o detetive Hae-joon (Park Hae-il) comete o maior dos erros que um detetive de filme policial pode cometer: apaixona-se pela viúva da vítima, a bela chinesa Seo-rae (Tang Wei). Consequentemente, Hae-joon coloca em risco não apenas o seu casamento, como compromete a lisura de toda a investigação. Principalmente quando Seo-rae acaba se configurando numa das principais suspeitas da morte do marido.

Não é exatamente a trama o principal ponto positivo de “Decisão de Partir”, mas sim a sua forma de desenvolvê-la. Grandes e desproporcionais elipses; flashbacks; uma intensa profusão de posicionamentos de câmera; espelhos, refrações, vidros, sombras, monitores; alguns planos rapidíssimos evidenciando não exatamente o que acontece, mas os anseios dos protagonistas fazem de “Decisão de Partir” uma experiência diferenciada na atual indústria do audiovisual, na medida em que exige atenção total da plateia. Um piscar mais demorado de olhos ou uma breve pausa para a pipoca pode ser fatal ao total entendimento do enredo. E todos sabemos como o mercado de cinema fica nervoso quando um cineasta despreza o precioso tempo da deusa pipoca.

A despeito da envolvente e eficiente construção dos personagens e da alta intensidade dramática de suas ações e motivações, ao final da projeção de “Decisão de Partir” paira uma estranha sensação de esgotamento, não saberia precisar se provocada pela alta voltagem das emoções envolvidas, ou se pelos incessantes maneirismos estéticos de Park.

A refletir.

“Decisão de Partir” terá sessões de pré-estreia pagas a partir de 29 de dezembro e entra em cartaz oficialmente em 5 de janeiro.