“PRIMAVERA NOS DENTES – A HISTÓRIA DO SECOS & MOLHADOS”, APESAR DE JOÃO RICARDO.

Por Celso Sabadin.

O fenômeno do grupo Secos & Molhados, nos anos 1970, voltou pesadamente na mídia recente principalmente pelo lançamento do longa ficcional “Homem com H”, que “apresentou” Ney Matogrosso a toda uma geração que provavelmente não tinha muito conhecimento sobre sua importância.

Assim, cai como uma luva o lançamento – nesta sexta-feira 31/10 – da série documental “Primavera nos Dentes – A História do Secos & Molhados”.

Dirigida  e roteirizada  por Miguel De Almeida – com base em seu livro homônimo – a série trará quatro episódios de 60 minutos cada que serão lançados semanalmente às sextas, sempre às 21h30, no Canal Brasil. Haverá também reprises sábados, às 17h, e aos domingos, às 19h. O primeiro episódio, disponibilizado para a apreciação da imprensa, termina como deve (ou deveria) sempre terminar um primeiro episódio de série: com um forte gosto de “quero mais”.

A formatação é clássica, com (quase) todos os envolvidos contando suas histórias sobre como tudo começou. Mas o ritmo da montagem, a utilização de imagens de arquivo e – principalmente – a naturalidade e a desenvoltura dos entrevistados levam o público a uma viagem mágica pelo passado das cenas cultural e política do Brasil daquele momento. As próprias imagens (infelizmente inevitáveis) da ditadura civil-militar-empresarial são revisitadas com o devido sarcasmo.

Por questões contratuais, a série não foi musicada com os sucessos do grupo: João Ricardo, um dos integrantes, vetou. Ele tampouco aparecerá na obra, como aliás sempre acontece em qualquer empreitada que envolva o nome “Secos & Molhados”. Porém, a produção não se deixou abater, e convidou Emilio Carrera (pianista) e Willy Verdaguer (contrabaixista) – músicos que fizeram parte da banda em 1973 e 1974 – para que ambos compusessem uma trilha original inspirada na sonoridade dos “Secos & Molhados”.

“A história do Secos & Molhados por si só, já possuía um recorte artístico muito atraente, mas ficou melhor ainda, 50 anos depois, reunir em estúdio parte destes  grandes artistas para compor e gravar novas canções com a mesma essência e sonoridade, eu diria o mesmo DNA. Creio, ficará marcado para todos nós e para os fãs incondicionais desta banda”, afirma Marcelo Braga, produtor da série.

Um ótimo registro artístico, político e social de um momento inesquecível – para o bem e para o mal – da história brasileira.