PROTAGONISMO FEMININO EM DESTAQUE NA MOSTRA DE CINEMAS AFRICANOS.

Por Celso Sabadin.

Dois ótimos filmes com total protagonismo feminino fazem parte da quarta edição da Mostra dos Cinemas Africanos, que começa nesta quarta-feira (10/07) no CineSesc, com entrada gratuita: Rafiki e Sofia.

“Rafiki” reuniu uma verdadeira força tarefa multinacional para produzi-lo: Quênia, África do Sul, Alemanha, Holanda, França, Noruega, Líbano e Inglaterra uniram forças para contar uma história simples, mas repleta de vigor. Kena e Ziki são duas jovens garotas que moram próximas, na periferia de Nairobi, a capital queniana. Kena é skatista, liga muito pouco para roupas e maquiagens, e está sempre na companhia de seu grande amigo Blacksta. Por outro lado, Ziki faz de seus cabelos e roupas um verdadeiro manifesto cultural. Adora dançar e vive em companhia de duas amigas. A princípio, não há nada em comum entre elas. E talvez seja justamente esta abissal diferença de comportamentos que acabe gerando uma forte atração entre as garotas. Uma atração que provoca  violentos preconceitos, potencializados ainda mais pelo fato dos pais de ambas serem concorrentes políticos na região da cidade onde tudo acontece.

Falado em swahili e inglês, “Rafiki” é o segundo longa dirigido por Wanuri Kahiu, que conduz a narrativa com densidade e dignidade. O filme tem feito grande sucesso em eventos internacionais. Foi selecionado para a Mostra Um Certo Olhar, em Cannes, e premiado em Chicago e Dublin, entre outros festivais.

Se “Rafiki” é hábil em mostrar a África negra, “Sofia” se centraliza na África muçulmana. Coproduzido por França (sempre ela), Catar, Bélgica e Marrocos, o filme mostra o drama de Sofia, uma jovem garota de classe média tradicional que se vê diante de uma gravidez indesejada. O problema, que já é bastante complicado em qualquer família contemporânea ocidental, assume proporções gigantescas em Marrocos, país de cultura árabe que trata a questão com extremo radicalismo: ali, os atos sexuais praticados por pessoas solteiras são considerados crimes, passíveis de encarceramento.  A partir daí, o excelente roteiro da estreante Meryem Benm’Barek-Aloïsi, que também dirige o filme, fará um intenso painel sobre a hipocrisia das relações familiares, onde as aparências se tornam mais importantes do que qualquer bem-estar social ou felicidade pessoal. Um filme de grande carga emocional e intensidade narrativa que também foi selecionado para a mostra Um Certain Regard e participou de vários festivais internacionais.

 

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