“QUATRO MINUTOS”: UMA BOA SURPRESA VINDA DA ALEMANHA.

“Quatro Minutos” é um drama alemão produzido em 2006 que chega (só agora) ao circuito brasileiro, respaldado por mais de duas dezenas de prêmios em festivais europeus e norte-americanos. E não decepciona: intenso e dirigido com sensibilidade, o filme fala de Traude (Monica Bleibtreu), uma rude e dura professora de piano que se dedica – sem muito sucesso nem alegria – a lecionar para prisioneiras de uma penitenciária.

Até o dia em que o sonho de todo professor parece se realizar: encontrar um aluno de talento excepcional. Porém, a utopia do estudante perfeito se transforma em pesadelo, já que a dona do talento em questão é Jenny (Hannah Herzsprung), uma jovem prisioneira de extrema periculosidade, violenta, rebelde e totalmente indisciplinada.

Contra todos – a própria aluna, inclusive – a velha mestra insiste em desenvolver o dom de Jenny, e inscrevê-la num concurso de piano. A relação entre ambas assumirá contornos insustentáveis.

O roteiro de “Quatro Minutos” (escrito pelo próprio diretor, Chris Kraus) se sustenta sobre dicotomias. Mestra/pupila, velhice/juventude, contenção/rebeldia. Porém, logo se percebe que as protagonistas, embora aparentemente vivendo em mundos opostos, sofrem do mesmo mal: a prisão. Seja ela sob a forma concreta dos muros de uma penitenciária, ou sob a forma abstrata das armadilhas da solidão. Tudo isso emoldurado por uma bela fotografia fria, em tons pastéis, que acentua a aridez das personalidades das personagens principais.

O filme levou quase 400 mil alemães aos cinemas. Merecia mais.