“RAIA 4” MERGULHA NO INCONSCIENTE ADOLESCENTE.

Por Celso Sabadin.

Águas. Mares, rios, piscinas. Exagerando um pouquinho, dá até para dizer que é quase um subgênero o chamado “filme de água”. E não é para menos: o elemento é identificado psicologicamente com a soltura do inconsciente, com aquele momento em que nos desamarramos das travas telúricas e mergulhamos no inconsistente inseguro das novas aventuras.
“Raia 4” é um “filme de água” (se a subcategoria não existia, existe agora). E dos melhores! Amanda (Brídia Moni, ótima) é a típica adolescente urbana repleta de inseguranças, medos e todas as incertezas do mundo. Seus pais (Fernanda Chicolet e Rafael Sieg) fazem o que podem para estar presentes na formação da garota, mas a tarefa não é nada fácil para quem escolheu a medicina como profissão.

As aflições do mundo de Amanda se potencializam no universo competitivo da natação esportiva, de onde emerge (desculpa o trocadilho) o complicado sentimento de tentar compreender o seu lugar no planeta. Se é que ele existe.
As maiores qualidades do filme, contudo, não se fixam no “que” acontece, mas sim no “como” acontece: a segura direção do estreante em longas Emiliano Cunha confere ao longa um atrativo e hipnótico clima de suspense que envolve o espectador desde as primeiras cenas, encaminhando-o com competência para o final atordoante.

Sóbrio e cativante, “Raia 4” venceu três prêmios no Festival de Gramado: Júri da Crítica, Fotografia (de Edu Rabin) e melhor longa gaúcho. Estreou em cinema no último 6 de maio, e chega às plataformas digitais, NOW, Google Play, Apple Tv, iTunes e Youtube Filmes, no próximo dia 20.