ROAD-MOVE CAPIXABA, “OS INCONTESTÁVEIS” SURPREENDE.

Por Celso Sabadin.

Sem – por enquanto – entrar nos méritos dos seus defeitos e qualidades, como é bom ver um filme que não se preocupa em ser esquemático, “redondinho”, seguidor das chatíssimas leis de Syd Field, e sem medo de ousar. Ou pelo menos tentar. Assim é “Os Incontestáveis”, um longa que – entre erros e acertos – livra-se de formulações engessadas e se permite revolteios simbólicos sem muitas explicações racionais.

Tudo começa quando os irmãos Belmonte (Fabio Mozine) e Maurício (Will Just) saem pelo interior do estado do Espírito Santo, a bordo de um vistoso e caído Opala amarelo, à procura de um velho automóvel Maverick que fora do pai deles. Na busca, de cidade em cidade, eles se deparam com um Brasil autoritário, cenário de um povo empobrecido e uma elite historicamente construída por coronéis latifundiários mancomunados com o poder político. Em suas toscas simplicidades, os irmãos recorrem a grandes doses de conhaque barato para manter o humor.

Numa dessas bebedeiras, “Os Incontestáveis” muda seu rumo, fazendo com que os protagonistas, através de um esclarecimento histórico impensável até então, entrem numa vibe revolucionária que confere ao filme um tom de paródia política. Ou seja, o saber leva à luta. Não entendeu? Nem precisa. O melhor do longa é exatamente seu tom anárquico que desfaz qualquer compromisso ou comprometimento com verossimilhanças, estruturas tradicionais e, principalmente, com o tal do “mercado”. Pode falhar aqui e ali, mas são erros superados pela vontade e coragem de sair da zona de conforto dramatúrgica-cinematográfica que assola o mundo do cinema.

Com roteiro do escritor e dramaturgo Saulo Ribeiro, em parceria com o diretor estreante em longas Alexandre Serafini, “Os Incontestáveis” estreia em 9 de agosto.