“RODA DO DESTINO” ABRE O ANO COM QUALIDADE.

Por Celso Sabadin.

Duas amigas conversam animadamente sobre o novo amor de uma delas. Uma estudante busca seduzir seu professor através do prazer da leitura. Um engano procura encobrir uma gigantesca carência.

Três histórias protagonizadas por mulheres se entrelaçam em “Roda do Destino”, todas costuradas não exatamente por uma linha narrativa definida, mas por uma amálgama de emoções contidas. São encontros, desencontros, erros, ciúmes, traições, mais erros, paixões e decepções que compõem um intenso painel de sensações e sentimentos à flor da pele.

Os longos diálogos e planos do roteirista e diretor Ryûsuke Hamaguchi criam o tempero ideal para inserir o espectador nas tramas propostas, de forma lenta e incisiva. Aos poucos, Hamaguchi troca o cotidiano apressado e fragmentado que nos consome por um mergulho vagaroso e profundo nas almas de suas sempre instigantes protagonistas. E o faz dentro da sólida tradição de poesia e sensibilidade que historicamente marca o cinema japonês de qualidade.

Vencedor do Grande Prêmio do Júri no Festival de Berlim, “Roda do Destino” chegou aos cinemas mundiais em 2021, mesmo ano em que o mesmo diretor lançou “Drive my Car”, vencedor de três prêmios em Cannes e selecionado pelo Japão para representar o país no próximo Oscar. “Asako I & II”, lançado em 2018, é outra grande confirmação do talento de Hamaguchi.

Estreando no Brasil em 6 de janeiro, “Roda do Destino” abre o ano cinematográfico em grande estilo por aqui.