“ROLÊ – HISTÓRIAS DOS ROLEZINHOS” TEM ESTREIA MUNDIAL NOS EUA.

Por Celso Sabadin.

Lembram do “rolezinho”, aquele tipo de manifestação social e pacífica que apavorava as elites que passeavam nos shopping centers do Brasil? Pois é, a prática ficou abandonada e meio esquecida com a chegada da pandemia e seu consequente isolamento social, mas vale lembrar que o seu significado, pelo contrário, está mais vivo e importante do que nunca.

O assunto é oportunamente retomado no documentário “Rolê – Histórias dos Rolezinhos”, que estreia mundialmente na próxima segunda-feira, 9/08, no RIIFF – Flickers’ Rhode Island International Film Festival 2021, nos EUA, um dos festivais de qualificação para o Oscar.

Com roteiro e direção de Vladimir Seixas, “Rolê – Histórias dos Rolezinhos” atualiza o significado e a importância da visibilidade da população negra, principalmente depois da trágica eleição presidencial brasileira de 2018.

“A ideia inicial do documentário era investigar o porquê de os rolezinhos, ou seja, as centenas de jovens negros e pobres passeando, paquerando, zoando ou protestando dentro de shoppings e centros comerciais, incomodar tanto e provocar tanto debate. Desde o primeiro rolezinho, no ano 2000, no shopping RioSul no Rio de Janeiro, passando pela onda dos rolezinhos em 2013/2014 até os rolezinhos e protestos em todo Brasil contra a morte de João Alberto em um supermercado em 2020, registramos como o corpo negro pode afrontar quando está em grupo em determinados espaços, deixando evidente o ódio que se tem ao negro no país”, ressalta o diretor Vladimir Seixas.

Entre 2018 e 2020, Vladimir Seixas acompanhou três  personagens do movimento dos rolezinhos e seus desdobramentos: Jefferson Luís, o organizador de um dos primeiros e maiores rolezinhos; a artista e performer mineira Priscila Rezende, que organizou uma ação coletiva em um shopping baseada em sua performance “Bombril”, de 2010 m dos grandes momentos do filme); e Thayná Trindade, empreendedora negra e fundadora da Uzuri Acessórios, que organizou uma manifestação dentro do shopping Plaza em Niterói/RJ após sofrer racismo por parte de um vendedor.

Com imagens de arquivos e da imprensa, “Rolê – Histórias dos Rolezinhos” explicita a conexão entre todas as situações apresentadas e mostra como o racismo estrutural no Brasil está longe, muito longe de ser minimamente resolvido.

Um filme atual e obrigatório, ainda sem data prevista para estreia no Brasil.

 

Conheça odiretor VLADIMIR SEIXAS

Indicado ao Emmy Internacional de melhor documentário, Vladimir é formado em Filosofia pela UERJ e em Direção Cinematográfica pelo Instituto Brasileiro Audiovisual. Trabalha desde 2008 em direção e roteiro de documentários. Seu o filme “A Primeira Pedra” foi vencedor do Prêmio TAL no DocMontevideo de melhor documentário, da medalha de bronze na categoria Direitos Humanos no New York Festivals – TV & Film e foi indicado ao Emmy em 2019. Ao todo dirigiu cinco curtas, dois longas, uma série e um telefilme, participando de mais de 50 festivais de cinema e TV onde recebeu diversas premiações.  Em 2021 lança internacionalmente o longa documentário “Rolê – Histórias dos Rolezinhos”.

 

06/08/2021

 

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