“ROTA DE FUGA” É DIVERSÃO NOSTÁLGICA COM SABOR DA ERA REAGAN.

Não sei se o filme terá o mesmo efeito sobre outras faixas de idade, mas, para mim, ver atuando juntos dois dos maiores ícones do cinema-porrada da Era Reagan foi como voltar no tempo sem precisar embarcar num De Lorean. E com duas vantagens: o filme é divertido e até tem uma historinha bem contada.

Em “Rota de Fuga”, Sylvester Stallone é um especialista em segurança que ganha milhões de dólares para se fingir de prisioneiro e testar a eficiência de presídios de segurança máxima. Até que um dia algo sai errado (se nada sai errado não tem filme) e ele se percebe vítima de um grande esquema de corrupção prisional. Sua única solução é se aliar ao prisioneiro Rottmayer (Arnold Schwarzenegger) para tentar uma fuga que parece impossível.

Se em algum momento do filme você tiver a sensação de ter perdido alguma coisa, de não estar entendendo exatamente o que acontece, não se preocupe: mais cedo ou mais tarde tudo lhe será minuciosamente explicado, inclusive com gráficos e desenhos. A expressão “quer que eu desenhe?” ganha aqui um significado mais amplo. E se mesmo assim você não engolir algumas inverossimilhanças do roteiro, preocupe-se menos ainda: puro entretenimento feito para divertir, “Rota de Fuga” não veio para ser verossímil. E é bastante eficiente no que se propõe, apresentando um nível de produção dos mais caprichados, bons diálogos e personagens bem construídos. Além, é claro, do prazer de colocar frente a frente Stallone e Schwarzenegger.

Procurando pelo em ovo, é até possível verificar no filme uma sutil crítica ao “estabilishment” anglo-saxão americano, na medida em que o vilão é o sempre coxinha FBI e o trio de anti-herois é formado por um chicano, um italianão e um maluco que surta falando em alemão. Não por acaso, a direção, ágil e segura, é de Mikael Hafström (desculpe, mas eu não sei como colocar bolinha em cima da letra “a”, no meu teclado), sueco cooptado por Hollywood e que já havia feito trabalhos interessantes como 1408 e O Ritual.