“RUMBA” mistura Buster Keaton com Jacques Tati.

Após vencerem um concurso de dança, Fiona e seu marido sofrem um violento acidente de automóvel. Ela perde uma perna, e ele, a memória. A partir daí, ambos terão de passar por uma série de adaptações físicas e mentais para continuar tocando suas vidas em frente. O mais inusitado disso tudo é que – mesmo com esta trágica sinopse – “Rumba” é uma comédia. Acredite se quiser.

O filme foi escrito, produzido, dirigido e interpretado por Fiona Gordon e Dominique Abel, atores de formação teatral que passaram a se aventurar no mundo dos longa metragens em 2005 com o premiado “L´Iceberg”.
“Rumba” é o segundo longa do casal. Uma co-produção franco-belga que propõe um humor muito particular. Negro, muitas vezes cruel, quase mudo. Os enquadramentos geométricos aliados à ação praticamente sem palavras remetem imediatamente ao genial Jacques Tati. E as fisionomias impassíveis do casal, propositalmente inexpressivas, são uma clara referência ao não menos genial Buster Keaton. A mistura cai bem.
Assumidamente “fakes”, cenários, figurinos e direção de arte denunciam as origens teatrais da dupla, ao mesmo tempo em que conferem ao filme um clima de irreverente fantasia, de faz-de-conta. Numa era de filmes agitados, muito barulho e excesso de câmera na mão, a calmaria gráfica de “Rumba”, além de bastante divertida, é muito bem-vinda.