“RUTH & ALEX”, UMA DELICIOSA SURPRESA.

Por Celso Sabadin.

O que deveria ser a simples venda de um apartamento se transforma numa terna mistura de romance e sátira social no filme “Ruth & Alex”, uma ótima surpresa dirigida afetuosamente pelo inglês Richard Loncraine. O ponto de partida é “Heroic Measures”, sexto livro da escritora canadense Jill Ciment, o primeiro a ser adaptado para o cinema. Foi a partir dele que o roteirista Charlie Peters desenvolveu a agridoce história do casal setentão que dá o título em português ao filme.

Ao tentar mudar de residência – e, consequentemente, de vida – o casal Ruth (Diane Keaton) e Alex (Morgan Freeman)

protagoniza uma belíssima história sobre a passagem do tempo e suas inevitáveis consequências. De maneira gradual, o preciso roteiro insere críticas contundentes ao estilo de vida dos novos tempos, que inclui o desespero pelo fechamento de negócios quase nunca necessários, a paranoia da mídia, e os preconceitos raciais, aqui abordados sob dois diferentes prismas: o dos negros e o dos muçulmanos. Um verdadeiro turbilhão de ansiedades crônicas e crescentes das sociedades urbanas ocultadas por detrás da supostamente simples e tranquila convivência de um velho casal de novaiorquinos. Supostamente.

São vários tapas na cara com luvas de pelica que contam com um elenco excelente tanto dos “velhos” Ruth e Alex (Keaton e Freeman destilam uma química perfeita) como dos “jovens” (Koney Jackson e Claire van der Boom ), os quatro em marcantes interpretações.