“SAFARI”E OS LIMITES DA ESTUPIDEZ HUMANA. SE É QUE ELES EXISTEM.

Por Celso Sabadin.

Não tenho especial predileção por animais. Absolutamente nada contra eles, mas não me derreto diante de um cachorro, muito menos faço postagens com gatinhos. Nem vegetariano eu sou, o que me torna uma espécie de “selvagem insensível” no julgar de muita gente que diz preferir bichos a seres humanos. Mesmo sendo este troglodita que  – contra a maré – ainda prefere se relacionar com pessoas, fiquei absolutamente incomodado com o filme “Safari”.

Dirigido pelo premiado documentarista austríaco Ulrich Sidl, o longa é um retrato sem retoques de uma das categorias mais patéticas entre os humanos: os caçadores que matam pelo simples prazer de matar. O filme acompanha de perto (bem de perto) alguns turistas em safaris pela África, surpreendendo e chocando com imagens cruas de assassinatos dos animais.

Entrevistas com os caçadores eventualmente surpreendem até mais que o ato em si. Alguns deles acreditam estar prestando um serviço à Humanidade ao “libertar” (como eles mesmos dizem) as suas presas através da morte. O ato de atirar covardemente num ser vivo despreparado, com uma potente e moderna arma de mira telescópica, é saudado com abraços e gestos de congratulações. O racismo também é bastante presente nestes matadores brancos ladeados por ajudantes negros que fazem o serviço pesado. Em depoimento, um dos caçadores discursa com orgulho sobre o fato de não tratar nem ser tratado de maneira diferente pelos negros, pois “somos todos iguais, todos seres humanos”, ao que prontamente sua esposa complementa: “E eles não têm culpa de ser negros”.

Nos minutos finais, o abate e o consequentemente esquartejamento de uma girafa escancara cenas explícitas de embrulhar o estômago até dos mais insensíveis. Posto que as sensibilidades humanas já haviam se nauseado antes, durante as entrevistas com os matadores.

Selecionado para os Festivais da Áustria e de Londres, “Safari” estreia no Brasil em 14 de junho.