SAI EM DVD “O SOLAR DAS ALMAS PERDIDAS”, CONSIDERADO O PRECURSOR DOS FILMES ESPÍRITAS.

Nada mais natural que filmes de terror sobre a penúria de almas atormentadas que permanecem sofrendo por não conseguir se desvencilhar de problemas que tiveram em vida. Isso, nos cinema atual. Porém, em 1944, a produção “O Solar das Almas Perdidas” chamou a atenção do público e da mídia: o cinema americano jamais havia tocado no assunto com a devida seriedade. Existiam, sim, comédias sobre assombrações, estilo “Os Três Patetas” ou “Abbot & Costello”, mas nada muito sério havia sido feito até o momento.

Quem aceitou o desafio de encarar o tema foi a Paramount, ao adaptar para as telas o livro “Uneasy Freehold”, de Doroty Macardle. O roteiro foi entregue ao austro-húngaro Frank Partos (que já havia escrito adaptações para filmes de suspense) e à inglesa Dodie Smith, que permaneceu na ativa até sua morte, em 1990, aos 94 anos. Foi ela uma das responsáveis pelas adaptações cinematográficas das aventuras infantis “Os 101 Dálmatas”. A direção ficou a cargo de um estreante no cinema, Lewis Allen, vindo do teatro inglês, que a partir deste filme desencadeou uma sólida carreira no cinema e na televisão, onde colecionou mais de 60 títulos.

Na verdade, o maior talento da parte técnica de “O Solar das Almas Perdidas” era mesmo Charles Lang , diretor de fotografia que já havia trabalhado para mestres como Henry Hathaway e Ernst Lubitsch, entre outros. Ele foi inclusive indicado ao Oscar de Fotografia em Preto e Branco por este filme (na época havia um prêmio para a fotografia PB e outro para fotografia em cores), mas acabou perdendo para “Laura”.

A história começa quando o casal de irmãos Roderick (Ray Milland, de “Farrapo Humano”) e Pamela (Ruth Hussey, de “Inferno no Pacífico”) se encanta por uma belíssima mansão à beira-mar, e decide comprá-la. Nem é preciso dizer que o lugar é mal assombrado, o que gerará toda a situação espiritualista da qual o filme se mostrou pioneira ao enfocar.
É interessante notar como o filme não se rende a um suposto clima trágico e/ou lúgubre que o tema poderia proporcionar. Pelo contrário: “O Solar das Almas Perdidas” abre espaço para o humor (principalmente através do personagem de Milland) e até para o romance. E mais: acabou sendo grande veículo de divulgação para a canção tema “Stella by Starlight”, de Victor Young, composta especialmente para o filme, e que virou clássica.

A própria Paramount Pictures produziu uma sequência de “O Solar das almas Perdidas” no ano seguinte, (“The Unseen”), também dirigida por Allen, mas com Joel McCrea e Gail Russell nos papeis principais. Os resultados ficaram bem abaixo do esperado.
E para os fãs dos antigos seriados de TV, uma curiosidade: repare na presença do ator britânico Allan Napier, que décadas depois viveria com charme e elegância o papel de Alfred, o mordomo de Bruce Wayne na antiga série “Batman”.

Nesta edição em DVD de “O Solar das Almas Perdidas”, agora lançada pela Versátil, temos imagem e legendas de primeira qualidade (como já é de costume nesta distribuidora), um breve documentário falando sobre a importância do filme na época, e a análise de um estudioso do Espiritismo que comenta o filme à luz da Doutrina.