“SALÃO DE BAILE: THIS IS BALLROOM”, UMA EXPLOSÃO DE CORES, SONS E RESISTÊNCIA.  

Costumo dizer, brincando (pero no mucho), que existem vários tipos de documentários. Inclusive aquele que realmente documentam.  É o caso de “Salão de Baile: This is Ballroom”, estreando em cinemas nesta quinta-feira, 05/12. 

Para quem desconhece o que seja a cultura Ballroom, o filme é uma verdadeira aula, esmiuçando didática e meticulosamente todas as facetas do assunto. Um manual em formato audiovisual. E nem por isso torna-se enfadonho: pelo contrário, já que o próprio tema se presta a uma explosão de cores, sons, movimentos e corpos. E corpas.   

Não vou me meter aqui a tentar explicar com profundidade e exatidão do que se trata, posto que esta é exatamente a finalidade do longa. O que ele cumpre, aliás, muito bem. Falando superficialmente, trata-se de um movimento multifacetado protagonizado por pessoas pretas e LGBTQIAPN+ que, seguindo a trilha da cultura criada em Nova York na década de 70, promove a experimentação de novas possibilidades de expressão de identidade de gênero através do exercício de seus potenciais artísticos, principalmente moda, beleza, dança, música e desfile.  

Ou, como diz Juru, que assina a direção e roteiro do projeto em parceria com Vitã, “um lugar de potencialização desses corpos dissidentes, um espaço criado por e para pessoas trans e pretas, especialmente, poderem resistir às opressões e celebrar suas existências”.  

Ou seja. Para conhecer e sentir, o melhor a fazer mesmo é ver o filme, que entra em cartaz em Aracaju, Fortaleza, Maceió, Manaus, Palmas, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo, Brasília, Porto Alegre, Poços de Caldas e Belo Horizonte. 

Afinal, ele vem colecionando prêmios por onde passa, incluindo o Festival do Rio 2024; o Queer Porto, em Portugal; Melhor Documentário no Oslo/Fusion Festival Internacional de Cinema, na Noruega; e Prêmio Diversidade no Afrika Film Festival, em Colônia, Alemanha, entre outros.  

 

Quem dirige 

Mestra em Cinema e Audiovisual pelo PPGCOM-UFF, Vitã coordena o núcleo de criação Ritornelo e a revista de crítica Moventes. Em atividade no mercado audiovisual há 15 anos, trabalhou em projetos para Globoplay, Globosat+, Arte 1, CineBrasilTV e Multishow. “Roteirista e diretora da série “Trago a Pessoa Amada” (Prime Box Brazil), Roteirista da série “Enredos da Liberdade – O Grito do Samba pela Democracia” (2024, Globoplay, produção Couro de Rato) e do curta “Carne Fresca” (2024, dir: Giovani Barros, produção Duas Mariola, Melhor curta da mostra Novos Rumos, Festival do Rio). Roteirista e diretora geral da série musical “Trago a Pessoa Amada” (2024).  Cocriadora e codiretora da série em desenvolvimento “Teia”. Foi produtora e assistente de direção do longa “Não é a primeira vez que lutamos pelo nosso amor”, que retrata a militância LGBT no período da ditadura militar brasileira (2022). Na cena ballroom, é Imperatriz da Legendary House of Lauren. 

Juru é artista-pesquisadore das artes do corpo, com trabalhos nas áreas da performance, dança e cinema. Desenvolve pesquisas sobre dramaturgia do corpo, cena expandida e o corpo queer/cuir na cena contemporânea, performatividade de gênero, sociabilidade, afetos e a cena ballroom e o voguing no Rio de Janeiro. É mestre em Estudos Contemporâneos das Artes pela Universidade Federal Fluminense (2016), e doutore em Artes na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (2024). Fez preparação de elenco do longa-metragem “Com o Terceiro Olho na Terra da Profanação”, de Catu Rizo (2017, Mostra do Filme Livre); e do curta-metragem “Ocaso”, de Bruno Roger (2014, Mix Brasil); além de ter trabalhado como produtor assistente no longa “Canto dos Ossos”, de Petrus de Bairros e Jorge Polo (2020, prêmio de melhor filme no Festival de Tiradentes). Dramaturgista no espetáculo “Repertório n. 1″, de Davi Pontes e Wallace Ferreira.