“SAMBA DE SANTO”, RESISTÊNCIA AFRO NA EX-TERRA DO AXÉ.

Por Celso Sabadin.

É, no mínimo, um alento: após presenciarmos durante tantos anos a música popular da Bahia enaltecer o despotismo do clã ACM através do horror alienante do Axé, vem agora daquele estado um documentário que – feliz e finalmente – mostra o outro lado desta moeda: “Samba de Santo – Resistência Afro-Baiana”.

Primeiro longa do diretor Betão Aguiar, o longa registra um dos mais importantes patrimônios culturais brasileiros – o samba baiano – não apenas como manifestação musical, mas principalmente como ferramenta de resistência da negritude em relação à sua própria conscientização social e histórica. O foco principal é o acompanhamento dos bastidores de alguns dos mais tradicionais terreiros de candomblé de Salvador, que deram origem a três blocos afros icônicos da cidade: Bankoma, Cortejo Afro e Ilê Aiyê.

Não bastasse a empolgante e irresistível percussão deste assim chamado Samba de Santo, o filme ainda traz depoimentos de vários participantes do movimento que atestam a importância destes blocos que ensinaram e ensinam a milhares de baianos que a questão escravocrata brasileira vai muito além do que é ensinado nos bancos escolares colonialistas do nosso país.
“Samba de Santo” estreou em 7 de maio na programação da Globloplay, e fará parte da grade do Canal Bis a partir do segundo semestre.

O filme faz parte do acervo ‘Mestres Navegantes’, projeto que o diretor Betão Aguiar iniciou há dez anos ao pesquisar e registrar a cultura popular brasileira pelo viés da música, com seis edições já

Um filme impensável na extinta Era ACM.