SANDRINE KIBERLAIN ESPETACULAR EM “MEU BEBÊ”.

Por Celso Sabadin.
 
Divorciada, mãe de três filhos e dona de um restaurante, Héloïse (Sandrine Kiberlain, espetacular) está orgulhosa e desesperada ao mesmo tempo. E pelo mesmo motivo: sua filha caçula Jade (Thaïs Alessandrin) está prestes a sair de casa para estudar no exterior. Se, por um lado, a orgulhosa mamãe torce pelo sucesso da filha, por outro ela se martiriza antecipadamente pela separação física que se aproxima rapidamente.
 
É sobre esta dicotomia da protagonista que o filme se constrói. O clássico paradoxo de uma mãe que não suporta ver os filhos saindo do ninho, ao mesmo tempo em que conhece a inevitabilidade do processo da vida. Medos contra esperanças, expectativas contra inseguranças, o consciente contra o emocional, a dura dor do amadurecimento. Momentos que a simplicidade do roteiro e a destreza da direção de Lisa Azuelos (a mesma de “Rindo à Toa”) transformam num filme que nos faz sentir igual à protagonista: desequilibrados e destrambelhados entre o riso e o choro. Com o realismo de quem se baseou na própria história para realizar a obra.
 
Um trabalho repleto de ternura que não sucumbe jamais ao sentimentalismo raso e que se apoia na interpretação magistral de Sandrine Kiberlain.
Assistido por quase mais de meio milhão de pessoas na França, o longa foi premiado com o Grand Prix de direção para Lisa Azuelos e com melhor atriz para Sandrine Kiberlain no Festival Internacional do Filme de Comédia de L’Alpe d’Huez, em 2019.