“SÃO PAULO EM HI-FI” COMEMORA A VIDA.

Por Celso Sabadin. 

Sim, “São Paulo em Hi-Fi” é um documentário sobre os áureos tempos da noite gay paulistana. Mas é muito, muito mais que isso. O filme é uma ode à liberdade, um sopro nostálgico de vida que tenta espantar – nem que seja só um pouquinho – toda esta chatice e sisudez desta triste era “politicamente correta” em que vivemos. Além de ser um documento histórico-comportamental de uma era pré-Aids onde, mais do que nunca, se compreendia porque a cultura homossexual assumiu para si a palavra inglesa que significa “alegre”. Por mais que venha revestido de uma inevitável aura de melancolia pelos tempos passados, “São Paulo em Hi-Fi” é um filme, acima de tudo, feliz.

O roteirista, produtor e diretor Lufe Steffen, o mesmo de “A Volta da Pauliceia Desvairada”, alinhava de forma clássica e tradicional mais de 20 depoentes que vivenciaram intensamente o cenário LGTB dos anos 60, 70 e 80. São proprietários de casa noturnas, jornalistas militantes, drag queens, transformistas, enfim, personagens que de uma maneira ou de outra ajudaram a construir este imaginário de divertidas extravagâncias que, através da irreverência, desafiavam os anos de ditadura militar.

Entre os entrevistados estão, o escritor João Silvério Trevisan, o jornalista Celso Curi – autor da pioneira “Coluna do Meio”, primeira coluna gay do jornalismo brasileiro, o historiador norte-americano James Green e os jornalistas Leão Lobo e Mário Mendes. Destaque para a empresária Elisa Mascaro que, ao lado do marido, Fernando Simões, foi proprietária de três casas noturnas que marcaram época, entre elas o lendário Medieval.

“São Paulo em Hi-Fi” ganhou  o Prêmio do Público no  18º Queer Lisboa, o 3º Prêmio Papo Mix da Diversidade na Categoria Cultura LGBT, o Prêmio Câmara Municipal de São Paulo – Dia Municipal de Combate à Homofobia além do Troféu Ida Feldman no 21º Festival Mix Brasil da Diversidade Sexual.

A estreia é em 19 de maio, exclusivamente no Cine Sesc, em São Paulo.