“SAUDADE” GANHA FORMA, FORÇA E EMOÇÃO NA TELA.

Por Celso Sabadin.

Há vários mitos produzidos pela nossa cultura. O mito que somos um povo cordial, que somos um país feliz e musical, e que a palavra “saudade” só existe no nosso idioma. Isso só para citar alguns. O cineasta paraibano radicado em Recife Paulo Caldas, diretor do festejado “Baile Perfumado”, foi a campo investigar esta mística em torno da palavra saudade e dos desdobramentos de seu significado. Entrevistou artistas, cineastas, músicos, poetas, escritores, pessoas as mais diversas no Brasil e em outros países de língua portuguesa à procura das nuances da saudade, suas causas e seus efeitos. O resultado é um belíssimo documentário permeado pela própria emoção que a palavra enseja.

Coproduzido por Brasil, Portugal e Angola, “Saudade” busca uma abordagem ampla do sentimento, definindo-o tanto a partir de suas raízes históricas que remontam à era das grandes navegações portuguesas, até às suas diversas manifestações artísticas. Com o grande mérito de conseguir alinhavar suas ideias ao mesmo tempo em que prioriza as emoções. Informa sem se pretender didático, e emociona sem buscar o melodrama: uma equação difícil de atingir e plenamente alcançada pelo cineasta, que ainda brinda o público com imagens de altos teores plásticos e emotivos.

Entre os 42 depoentes do filme, Adriana Falcão,  Alex Flemming, Arnaldo Antunes, Déborah Colker, João Câmara, Johnny Hooker, Karim Aïnouz, Lira, Milton Hatoun, Nilda Maria, Ruy Guerra e Zé Celso Martinez Correa dão as suas visões deste tema ao mesmo tempo tão abstrato e tão presente.

“Saudade” chega aos cinemas nesta quinta feira, 18 de janeiro.