SCHWARZENEGGER VOLTA À ATIVA COM “O ÚLTIMO DESAFIO”.

Ele não viva dizendo que “I´ll be back”? Prometeu e cumpriu: depois de curtir a vida política como governador da California, Arnold Schwarzenegger finalmente volta ao cinema, uma década após “O Exterminador do Futuro 3” (as participações em “A Volta ao Mundo em 80 Dias” e nos dois “Mercenários” nem contam, né?). E volta em grande estilo. “O Último Desafio” é tudo aquilo que os fãs do grandalhão austríaco gostam de ver nas telas: muita ação, tiroteios intermináveis, sangue sem economia, destruição em massa, e total desrespeito às regras básicas da verossimilhança. Sem perder o bom humor, o que é importantíssimo neste tipo de filme.

A boa história do roteirista estreante Andrew Knauer contrapõe novamente um dos temais mais queridos da dramaturgia de ação norte-americana: os valores de um incorruptível xerife do interior contra a sempre propalada ineficiência do poderoso FBI. A ação começa quando o mega traficante Cortez (o espanhol Eduardo Noriega, de “Plata Quemada”) foge do comboio que o levaria ao corredor da morte e dá início a um mirabolante plano de fuga rumo ao México. Ele só não contava com a astúcia de Ray Owens (Schwarzenegger), o quase aposentado xerife de uma cidadezinha que seria vital para a fuga de Cortez.

A direção de Jee-woon Kim, sul coreano em seu primeiro trabalho nos EUA, é ágil e eficiente, com boas cenas de perseguição tomadas ao nível do chão que lembram bastante o pioneiro “Mad Max”. “O Último Desafio” também flerta abertamente com o western, não só pela mitificação da figura do xerife justiceiro e (quase) solitário, como também através de construções de cenas e posicionamentos de câmera que remetem diretamente aos grandes duelos finais do gênero.

No elenco, o sempre ótimo Forest Whitaker como o chefão do FBI dá ao filme uma aura de seriedade e credibilidade, enquanto a presença de Rodrigo Santoro (num papel menor) traz um sabor a mais para o público brasileiro.

Mais do que um mero produto de entretenimento, “O Último Desafio” traz um interessante subtexto de resistência dos menores contra os maiores, dos simples contra os poderosos. Não por acaso, num dos momentos finais do filme, o xerife Ray diz ao traficante Cortez que ele seria uma vergonha para “nós, imigrantes”.

Lembrando que o filme, é dirigido por um coreano, estrelado por um austríaco, o vilão é espanhol e o elenco é repleto de “chicanos” (incluindo um brasileiro).