“SCOTT PILGRIM CONTRA O MUNDO” UNE QUADRINHOS, GAMES E CINEMA.

Para todas as crianças e adolescentes que cresceram na década de 80 e 90 alguns elementos da cultura pop daquela época são grandes ícones até hoje. Entre eles estão os vídeo games da Nintendo, desenhos animados (como Caverna do Dragão e Dragon Ball), filmes de ação e fantasia e histórias em quadrinhos de super-heróis.

O diretor do filme “Scott Pilgrim Contra o Mundo” Edgar Wright nasceu no ano de 1974 e o criador da HQ (de mesmo nome) que foi base para o filme, Bryan Lee O’Malley, nasceu no ano de 1979. O fato dos dois terem nascidos em épocas próximas tem um impacto enorme na construção do universo de Scott Pilgrim. Vivendo a maior parte da infância e adolescência nos anos 80 e 90, a dupla de artistas absorvem dessas décadas todos os elementos característicos da cultura pop e os imprimem em Scott Pilgrim, tanto na HQ quanto no filme.

Antes mesmo do filme começar já começam as referências a essas décadas, o logo padrão da Universal é substituído por um em gráficos 8-bit com um o tema tradicional sendo tocado em formato midi. E ao longo do filmes são inúmeras, Pac Man, Street Fighter, A Lenda de Zelda, Mario Bros, Star Wars, entre muitas outras. Fazendo o filme ser um banquete de ícones.

A trama conta a história de Scott Pilgrim, um garoto de vinte e poucos, geek e que toca baixo na banda Sex Bob-omb. Namora uma colegial de 17 anos e, por isso, vive sendo ridicularizado por sua irmã mais nova, seu colega de quarto e seus colegas de banda. Tudo muda em sua vida quando conhece a misteriosa Ramona Flowers. Scott se apaixona à primeira vista, e para conquistar o coração da nova garota terá que enfrentar a Liga dos Ex-Namorados do Mal, composta por 7 ex-namorados de Ramona. Assim o herói terá que passar por fases e chefes para ter o amor dessa nova paixão.

As piadas do filme, as interferências gráficas, as transições criativas, os truques visuais, as cenas de lutas bem coreografadas (você entende o que está acontecendo na tela, raro hoje em dia) e sua habilidade em tocar em temas modernos sem ser piegas, chato e moralista fazem de “Scott Pilgrim Contra o Mundo” uma comédia adolescente madura e vanguardista. Pode ser descrito como uma junção da jovialidade de “Juno”, da energia de “Kick Ass”, da estética de “Speed Racer” e da ação de “Kill Bill”. Tudo dirigido brilhantemente por Wright, que já tinha mostrado sua competência em fazer comédias irreverentes e ágeis em “Todo Mundo Quase Morto” e “Chumbo Grosso”, que usa as referências da cultura pop à favor do filme e não um mero instrumento de identificação.

O filme é muito fiel à obra original, quebrando qualquer teoria de que livros e HQ são sempre melhores do que os filmes adaptados. Aqui a equipe criadora entende o material original e o tema explorado, exprimindo uma obra que mantém todos os aspectos que marcam o original e adicionando elementos cinematográficos nela.

O elenco merece destaque: Michel Cera (de “Juno” e “Super Bad”) fazendo seu típico papel de garoto inseguro, frágil, mostra aqui que sabe também fazer cenas de ação e convence como o herói Scott Pilgrim. Mary Elizabeth Winstead (“À Prova de Morte”) faz uma Ramona Flowers atraente e apaixonante, Kieran Culkin (irmão de Macaulay Culkin) faz um divertido colega de quarto de Scott e traz boas cenas de humor ao filme. Os vilões da Liga dos Ex-Namorados do Mal não são figuras brutas e truculentas, e sim rostos frágeis e delicados como Brandon Routh (“Superman – O Retorno”), Chris Evans (“Quarteto Fantástico”) e Jason Schwatzman (“Viagem a Darjeeling”).

“Scott Pilgrim” não é só um passatempo divertido aos jovens, nerds ou gamers, é uma aventura inteligente, original, envolvente e emocionante, criado por uma geração que só agora está conseguindo deixar sua marca. E não vejo a hora de ver o que mais a geração 8-bit pode fazer.

Confira o trailer: